terça-feira, 31 de março de 2009
Novos Líderes. Melhores Pessoas
segunda-feira, 30 de março de 2009
Puramente #11 - O Monge e O Executivo
Nome: O Monge e o Executivo
Autor: James C. Hunter
Data: 1998 - Editora Sextante (edição consultada)
Frase: "O comportamento é uma escolha"
Keywords: Liderança; Autoridade vs Poder; Escuta; Praxis; Comportamento;
Apreciação: *** (?)
Quando no PuraMente iniciámos a análise de livros de forma sistemática deparámos-nos com uma surpresa: existe uma inesperada abundância de obras sobre liderança, constituindo uma categoria própria nos títulos de Gestão e Estratégia. "O Monge e o Executivo" é o primeiro livro de vários, sobre este tema, que iremos abordar; despertou curiosidade dado o enorme êxito que tem no Brasil, onde existem cursos, seminários e até peças de teatro baseadas no texto de James Hunter.
Durante a leitura fiquei um pouco surpreendido. O sub-título de "O Monge e o Executivo" é "Uma história sobre a essência da liderança", mas o texto é muito menos sobre liderança e mais sobre regras de comportamento, quer com os outros quer connosco próprios. As questões de liderança são abordadas, mas não ocupam o lugar central. O leitor não pode esperar retirar ensinamentos muito elaborados ou disruptivos, mas antes orientações e princípios de comportamento social. Estes últimos não são de todo de menosprezar, mas um leitor mais exigente poderá ficar desiludido com a simplicidade e senso-comum com que lhe são apresentados.
Sem descrever o enredo em demasia, "O Monge e o Executivo" ficciona um homem de negócios outrora bem sucedido que percebe estar a fracassar em todas as dimensões da sua vida. Decide então aceitar o conselho de participar num retiro sobre liderança, que ocorrerá num mosteiro. Segue-se a descrição de diálogos em que os personagens não são mais do que arquétipos, modelos das nossas virtudes e defeitos, e em que se joga com as dúvidas e inquietações do personagem principal. Pelo meio surge um conjunto de citações e adágios, que prejudica o texto ao torná-lo proverbial e a roçar o moralismo.
Mais complicado é recomendar ou não este livro. Para muitos poderá ser apenas um conjunto de importantes banalidades. Já outros terão aqui o espaço para promover uma reflexão interna sobre o rumo que vão seguindo no dia a dia. Como são apenas cerca de 100 páginas, arrisque-se.
Artigo publicado no Jornal de Negócios em 24 de Março de 2009
sexta-feira, 27 de março de 2009
Um Governo optimista
Do lado da receita a desaceleração do produto deverá, em princípio, dificultar a recolha de todo o tipo de impostos (IRS, IRS, IVA, Combustíveis, Habitação, etc). Simultaneamente as obrigações do estado parecem estar a aumentar, dados os programas de incentivo à economia e de apoio social que têm sido anunciados.
Ao manter a previsão do défice o Governo passa a mensagem que a situação não se alterou desde a última previsão, o que tem que ser considerado como uma posição no mínimo pouco conservadora. No entanto, não temos dados para dizer que a previsão seja errada, até porque o apuramento do valor do défice tem as suas “nuances” contabilísticas.
Notar ainda que o valor de 3.9% é muito alto e a par dos maus resultados das contas externas consolida a posição altamente vulnerável da economia portuguesa.
Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
The demise of the dollar
Esta é a opinião de Dennis Gartman, um conhecido analista de mercado cambial, na sua newsletter de ontem, a propósito de afirmações do governador do Banco da China. Os chineses estão muito desconfortáveis com a sua exposição ao dólar e estão a começar a mover influências para que o peso do dólar seja reduzido a favor dos SDR do FMI – “Special Drawing Rights” - Direitos Especiais de Saque.
O anúncio de medidas quantitativas nos Estados Unidos está a provocar uma série de reacções em todo o mundo, que estão a reconhecer que as medidas tomadas tendo em conta as necessidades de um país específico (EUA) podem resultar em riscos para os demais.
Os SDR são um activo de reserva criado pelo FMI em 1969 e são constituídos por um cabaz das principais moedas utilizadas nas transacções comerciais e financeiras. Neste momento os SDR são constituídos por 44% dólar, 34% euro, 11% iene e 11% libra. Ora como se estima que as reservas mundiais são constituídas 65% por dólares, a moeda americana teria muito a perder, principalmente face ao euro. O processo está longe de estar em marcha, mas conhece-se bem o método chinês de actuar – com muita calma, dando o tempo ao tempo. Sem pressas, sem pausas.
Filipe Garcia
Economista da IMF
Nota: o título do post é também um título de um livro, gentilmente emprestado pelo Ricardo Arroja e já devolvido :)
quarta-feira, 25 de março de 2009
Um bom isco
Sem contar com o “cross selling” de produtos, hoje os bancos perdem dinheiro no crédito à habitação. Recebem dos clientes Euribor + spread e financiam-se mais caro nos mercados monetário e obrigacionista, pelo que a subida apenas mitiga este “gap”.
Há sinais que o preço do crédito ficará ligeiramente mais barato. Já nas aprovações e avaliações o ajustamento será mais lento. Não se espera que os preços das casas – que são a garantia – subam, nem que o excesso de habitações seja corrigido no imediato.
Mas os bancos conhecem bem o efeito “âncora” do crédito à habitação. Há a tendência para o cliente agregar operações e activos na instituição onde está a hipoteca e actualmente até fica reconhecido a quem nele acredita em época de crise. Assim, o crédito à habitação torna-se numa forma barata de conquistar quota e de promover o envolvimento entre banco e cliente.
Filipe Garcia – Economista da IMF
Artigo publicado no Diário Económico em 25 de Março de 2009
terça-feira, 24 de março de 2009
Harvard Trends #2 - Go Global
sábado, 21 de março de 2009
Puramente #10 - Wikinomics
Nome: Wikinomics – A Nova Economia das Multidões Inteligentes
Autor: Don Tapscott
Data: Dezembro 2006
Frase: ”É preferível sacrificar uma parte do controlo do que ceder completamente o jogo a um concorrente mais apto e amigo do prosumidor.”
Keywords: Mashup, prosumo, produção com pares, colaboração, partilha, Ciência 2.0
Apreciação: ****
Wikinomics faz parte dos “obrigatórios”. Não porque desenvolva modelos científicos avançados ou postule conclusões de enigmas por desvendar, mas porque ensaia com actualidade a tendência da economia conduzida desde a base da pirâmide. Don Tapscott limita-se a recolher um conjunto alargado e relevante de exemplos (Linux, Innocentive, Second Life…) que comprovam a existência de toda uma nova comunidade de consumidores que deixaram de ser espectadores, para ser membros: “O verdadeiro negócio não consiste em criar produtos acabados, mas ecosistemas de inovação” .
Wiki significa “rápido” em hawaiano, linguagem adoptada para descrever a celeridade de mudança num ambiente de pró actividade das massas, que se movimentam de forma partilhada e colaborativa, deixando abertos os seus trabalhos para serem misturados, remisturados, optimizados ou adaptados (mashup). O exemplo mais evidente e óbvio é a própria Wikipedia, construída por uma imensa massa de não especialistas – pessoas perfeitamente medianas e comprovantes da normalidade estatística da população que representam. Esta obra gravita em torno do poder que a Internet deu a agrupamentos multidimensionais de anónimos para, sem respeito pelas hierarquias tradicionais, colaborar na produção de componentes de inovação, que quando integrados resultam em melhores e mais céleres soluções.
Ao estilo de “Here Comes Everybody”, Wikinomics acabou por se tornar num incontornável best seller, vital para a compreensão básica do desenvolvimento da economia contemporânea e retrato sociológico da geração pos-Y. O livro, que peca por pequenos exageros em algumas passagens, tem o dom de cartografar o mapa das relações inter-dimensionais num mundo cada vez mais global. Compensa o tempo investido.
Pedro Barbosa
terça-feira, 17 de março de 2009
Tudo isto é novo... Qual será a melhor estratégia?
#1 Strategic Sourcing
Avaliar regularmente quais os custos directos e indirectos, procurar oportunidades de redução e possuir um sistema categorizado de custos, poderá permitir uma rápida mensuração dos retornos esperados pela renegociação de contratos com fornecedores e/ou cortes efectuados.
#2 Reestruturação das Actividades de Marketing
A maioria das empresas cai na “armadilha” de reduzir estas actividades. Alguns ganhos obtidos no ponto #1 poderão ser canalizados para promover a renovação de contratos com clientes, por períodos mais longos, de forma a enfraquecer e “bloquear” a concorrência. Claramente existem algumas oportunidades nesta crise.
#3 CRM System
Neste período de crise é imperativo que as empresas conheçam os seus clientes, logo sugere-se um investimento em SI, nomeadamente no CRM - Customer Relationship Management, melhorando-o e adaptando-o a esta nova realidade. Conhecendo melhor os seus clientes e mercados poderão ser tomadas decisões seguras em busca de maximizar a rentabilidade.
É importante que cada empresa, por si, encontre a melhor estratégia.
Muitas outras iniciativas poderão ser adicionadas ou poderá não concordar exactamente com a forma de implementação, no entanto neste período é importante debater para que cada empresa possa por si encontrar a melhor estratégia.
Vasco Oliveira - Planeamento e Controlo de Produção
oliveira.vasco@gmail.com
Publicado no Jornal Meia Hora
segunda-feira, 16 de março de 2009
Puramente #9 - Outliers
Nome: Outliers - The Story of Success
Autor: Malcom Gladwell
Data: Novembro de 2008 - Little, Brown and Company
Frase: "Success follows a predictable course"
Keywords: Vantagem Inicial; Oportunidade; Regra das 10 mil horas; Legado Cultural; Discurso Mitigado;
Apreciação: ***
QEste é um livro sobre o sucesso e desempenhos extraordinários. Mas não confundir com um manual de "auto-ajuda", de relatos biográficos ou uma lista de fórmulas milagrosas.
Segundo o autor, o "sucesso" é resultado de um número reduzido de detalhes. Basta que um desses factores se altere para que duas pessoas aparentemente com o mesmo potencial tenham percursos muito diferentes.
Para Malcom Gladwell há um enviesamento na forma como o sucesso é visto pela sociedade, normalmente como um processo de mérito individual. Pelo contrário, os desempenhos extraordinários são um produto do mundo, do contexto. Dependem de um certo talento natural, de alguma inteligência analítica, mas o que faz a diferença normalmente são as oportunidades, alguma sorte, muito treino, legado cultural e a chamada "inteligência prática" - saber o que dizer e a quem, quando dizê-lo e provocar o efeito pretendido com o que se diz ou faz. É dado o exemplo de como o indivíduo com o QI mais elevado dos EUA - Christopher Langan - tem uma vida aquém das expectativas.
É um livro bastante fácil de ler. Pode agradar a vários públicos já que, para além dos argumentos e conclusões do autor, há muitas descrições, detalhes e histórias. Aliás isso pode ser visto como um defeito em "Outliers", que poderia ter sido escrito com metade das páginas se a intenção fosse só transmitir as ideias. O livro está dividido em duas partes. Na primeira fala-se da Oportunidade e na segunda sobre o Legado. É nesta segunda parte que aparecem 50 páginas "obrigatórias" - Gladwell explica o que causa uma grande parte dos acidentes de avião, ligando-os ao legado cultural e ao discurso mitigado dos intervenientes.
Apesar do enorme sucesso e "buzz" que já regista nos EUA, não me parece que vá ter o mesmo impacto disruptivo de "Blink" ou "The Tipping Point", livros em que o tom "contra a corrente" também está presente.
Em resumo, o "sucesso" segue um caminho previsível, não sendo sempre os mais inteligentes a alcançá-lo. Os "outliers" são aqueles a quem foram dadas oportunidades e tiveram a força e a capacidade de as aproveitar.
sexta-feira, 13 de março de 2009
Ética vs Lei
quinta-feira, 12 de março de 2009
Portugal é um esquema em pirâmide
Nouriel Roubini continua em grande. Será com certeza o economista a quem a crise mais beneficiou em termos de notoriedade e reputação.
Hoje, perante uma pergunta de um jornalista sobre o caso Madoff, disse que toda a economia americana é um esquema Ponzi (de pirâmide). É difícil discordar dos argumentos de Roubini, mas o mais perturbador é que se estivesse a falar de Portugal, diria exactamente o mesmo.
Portugal é um esquema em pirâmide. Resta saber até quando dura...
Filipe Garcia
Economista da IMF
Abaixo segue parte do texto foi retirado do Alphaville do Financial Times)
(...)
A government that will issue trillions of dollars of new debt to pay for this severe recession and to socialize private losses may risk to become a Ponzi government if - in the medium term - does not return to fiscal discipline and debt sustainability.
A country that has - for over 25 years - spent more than income and thus run an endless string of current account deficit and has thus become the largest net foreign debtor in the world (with net foreign liabilities that are likely to be over $3 trillion by the end of this year) is also a Ponzi country that may eventually default on its foreign debt if it does not - over time - tighten its belt and start running smaller current account deficits and actual trade surpluses.
Whenever you persistently consume more than your income year after year (a household with negative savings, a government with budget deficit, a firm or financial institution with persistent losses, a country with a current account deficit) you are playing a Ponzi game; in the jargon of formal economics you are not satisfying your long run intertemporal budget constraint as you borrow to finance the interest rate on your previous debt and you are thus following an unsustainable debt dynamics (discounted value of your debt growing without limit in NPV terms as the debt grows faster than the interest rate on it) that eventually leads to outright insolvency.
According to Minsky and according to economic theory Ponzi agents (households, firms, banks) are those who need to borrow more to repay both principal and interest on their previous debt; i.e. Minsky’s “Ponzi borrowers” cannot service neither interest or principal payments on their debts. They are called “Ponzi borrowers” as they need persistently increasing prices of the assets they invested in to keep on refinancing their debt obligations.
(...)
quarta-feira, 11 de março de 2009
Quebrar barreiras em tempo de crise
terça-feira, 10 de março de 2009
Um comentário agridoce
Não se trata de dados muito concretos e nem se referem a Portugal, mas permitem ter alguma esperança de inversão do ciclo económico um pouco mais cedo do que é previsto pela maioria.
segunda-feira, 9 de março de 2009
Mudança (*)
domingo, 8 de março de 2009
A ver o circo a arder
As acções do sector financeiro estão a ser vendidas porque os accionistas receiam perder tudo. As dos restantes sectores estão a desvalorizar porque se nada for feito, as empresas enfrentarão um contexto económico ainda pior do que o actual.
Já se percebeu que a recuperação económica não será possível sem a estabilização do sector financeiro. É também claro que a situação não se está a resolver por si só. Pelo contrário,parece estar criado um processo de entropia. São necessárias medidas drásticas para lidar com a crise. Os “gurus” já falaram (Roubini, Taleb, Krugman, Soros, tantos outros), mas mesmo assim os governos parecem incapazes de fazer o que tem que ser feito – tomar decisões com impacto real. Nacionalizar se for preciso, mas acima de tudo impedir a implosão de todo o sistema.
Puramente #8 - Cisne Negro
sábado, 7 de março de 2009
Harvard Trends #1 - Mudança de Género
sexta-feira, 6 de março de 2009
Mais palavras sobre a crise, para quê ?
Nós, eles e os outros
Eles, opositores, sindicatos, professores, médicos e juristas, economistas que alertam, empresários com voz própria, os que despedem, comentadores que não fazem propaganda e jornalistas que investigam, são todos uns chatos. Não percebem a nossa missão, não veneram os nossos heróicos feitos, conduzem uma campanha negra. Eles não valem nada!
Os Outros, coitados, como sempre pagam a factura. Desempregados e empregados (sobretudo os públicos, que deviam estar gratos), empreendedores que ficam sem rede (e deviam ter mais juízo), contribuintes registados (que esprememos), pais preocupados e filhos de futuro incerto. Existem para que a lei se cumpra!
Com o advento do relacional, onde a sedução, o envolvimento e a partilha são os argumentos, é preciso congregar esforços e unir vontades para dar a volta – apelar a um espírito de missão colectiva não compaginável com um discurso sectário. O “yes, we can” de Obama não é um exemplo por demais evidente?