sexta-feira, 26 de março de 2010

Em estado de negação




Não consigo entender as críticas às agências de rating. Compreendo que não se goste dos relatórios porque diagnosticam as dificuldades, mostrando que é preciso mudar de rumo, mas os comentários da Fitch, Moody's e S&P sobre a economia portuguesa são claros, correctos e independentes.

Culpar as agências faz lembrar quando alguém recebe análises clínicas e o resultado mostra uma doença. Então, a culpa passa a ser do laboratório ou do médico, "que não percebe nada e eu não tenho que mudar de vida".

Isso é entrar negação, como se fossemos imunes ou imortais.
 
(ver também análise no Económico e de mais dois economistas em "O que os economistas dizem do corte de 'rating' da Fitch".)


Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no jornal Metro em 26 de Março de 2009







quinta-feira, 25 de março de 2010

À procura da estratégia Perfeita

Antes da grande crise financeira, as empresas aproveitaram bem as excelentes condições macro económicas para desenvolver o seu negócio, através de taxas de juro baixas e estáveis e um óptimo grau de confiança dos consumidores, que permitiram gerar excelentes margens de lucro e taxas de crescimento assinaláveis. Em consequência destas condições muito estáveis e que perduraram no tempo, as empresas ficaram adormecidas e com os seus reflexos de reacção a adversidades muito atrofiados. Actualmente as empresas vivem momentos difíceis, com um vasto leque de incertezas, tanto a nível político, tecnológico e de dinâmica empresarial, e uma elevada volatilidade dos mercados cuja dimensão do fenómeno ainda é uma incógnita. Enquanto que as empresas "bebem o sangue" que é derramado diariamente na estrada dos negócios, é necessário que os seus líderes não se limitem a definir uma boa estratégia para superar a crise e ficar à espera que os mercados recuperem. É imprescindível que, para além da definição de uma ampla e dirigida estratégica, estejam abertos a acolher o inesperado para os seus negócios e que vai surgindo ao longo desse caminho. As mudanças geram fontes inesperadas de crescimento, mudando muitas vezes a preferência dos seus consumidores e criando procura para novos produtos e serviços. Com esta estratégia, as empresas verão a sua concorrência ficar angustiada e a vender os seus activos mais baratos, auto destruindo-se e abrindo mercado. Mais do que nunca as empresas necessitam de agilidade, parando para pensar quando é necessário, escutando quem sabe, e executar quando bem definido o rumo. Mas não esquecendo de que tudo tem que ser feito antes da concorrência.

Quem não chora não mama... e quem não rouba não tem!



Comecemos pelo mais importante: a decisão, aparentemente definitiva, de dividir a "Red Bull Air Race" entre o Porto e Lisboa é uma boa solução.

As duas cidades ficam com um evento interessante e custos são diluídos e divididos. Para mais, ao alternar o local diminui-se o risco de saturação do público face ao evento e promove-se uma sã concorrência entre as cidades para melhorar a prova.

O que entristece é o caminho necessário até aqui chegar: Lisboa "roubou" o evento com base em financiamento público, para depois o Porto ter que "chorar" a perda.


Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no jornal Metro em 24 de Março de 2009







LaDiDa

Chamam-se prosumers os consumidores que se tornaram activos no mercado, fazendo parte das decisões de quem desenha produtos e serviços. A novidade é que algumas marcas estão a criar condições para que qualquer pessoa possa ser um prosumer de última geração, criando os melhores conteúdos sem recursos artísticos ou financeiros.
A última invenção de Gupta – o LaDiDA –cria músicas de qualidade através do ITunes/Iphone, mesmo com a “pior voz do mundo” e difunde directamente no Facebook e Twitter. A criação pura, ao alcance de todos, de forma simples e acessível.

sábado, 20 de março de 2010

Ter ou não ter estratégia

As graves crises criam sempre oportunidades, mas muitas empresas não resistem e ficam insolventes. Outras aguentam mas com dor e sempre à espreita da boleia das mais organizadas, as únicas que repensam a estratégia e não esperam por ninguém. O mesmo se passa nos países, onde alguns não resistem e ficam insolventes. Outros vão andando e sempre “encostados” aos mais organizados, os únicos que reflectem, que redefinem a estratégia de longo prazo, e onde os valores contam.

Jornalistas

Era uma vez, num mundo muito distante, uma profissão que consistia em ver a realidade e falar dela, em saber dos actos e difundi-los, em escolher a melhor informação a divulgar, em ter opinião e partilhá-la. Chamavam-se, nesse tempo, jornalistas.

Essa espécie tinha jornais, emissoras de rádio e canais de televisão para mostrar livremente o resultado do seu trabalho. Hoje, converteram-se. Nos seus empregos, não escolhem temas, não partilham opiniões. Cumprem ordens e contam caracteres. À socapa e em casa, usam blogues e redes sociais para opinar.

O novo mundo dos social media chegou…

sexta-feira, 19 de março de 2010

A informação da Sociedade




As visitas à rede social Facebook ultrapassaram, na semana passada, o motor de buscas Google.

Os dados são relativos aos Estados Unidos, onde cada uma páginas tem uma quota de 7%, e permitem observar uma tendência: a supremacia do conteúdo social sobre o conteúdo informativo.

Os utilizadores da internet gastam, em média, mais cinco horas e meia por mês em redes sociais. Muitos utilizadores fazem isso por dia.

Passamos da "Sociedade da Informação" para a "Informação da Sociedade". Uma sociedade única, que cada um constrói.


Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no jornal Metro em 19 de Março de 2009







terça-feira, 16 de março de 2010

Puramente #41 - The Element

Nome: The Element

Autor: Ken Robinson

Data Original: Dezembro 2009

Frase: " How Finding Your Passion Changes Everything"

Keywords: Passion, aptitude, criativity, success, education, atitude, opportunity

Apreciação: ***

As incursões de Ken Robinson (“Out of Our Minds”) nos sistemas educativos não constitui novidade, sobretudo nas teses de como o modelo actual de formação e educação de jovens condiciona e limita a criatividade e trunca precocemente desenvolvimentos pessoais alternativos. O artigo “Do Schools Kill Criativity” ganhou uma rápida dimensão global e foi lido por milhões de pessoas, de tal forma o problema constitui uma preocupação universal.

Neste livro, Robinson e Lou Aronica formatam um conceito a que chamam de “The Element”, que significa o cruzamento – para cada pessoa - entre aquilo que se gosta com o que se faz bem, ou, dito de outra forma, da paixão com a aptidão. Neste framework, os autores definem as características (aptidão e paixão) e as condições (oportunidade e atitude) para o estabelecimento do “Element”, reforçando a sua abrangência e credibilizando a tese através de exemplos reais de grande pertinência, ainda que demasiado centradas em casos de grandes celebridades, o que desconta os créditos nos cidadãos comuns.

“The Element” poderia teoricamente ser categorizado dentro do tipo de obras de auto-ajuda, onde os bons conselhos e a banha da cobra se separam por linhas cinzentas. No entanto, este é um livro honesto e sem intuitos exagerados de promessas irrealizáveis, como é quase um standard deste tipo de edições. Na realidade, o livro de Robinson tem um conteúdo relevante tanto para os que procuram um sentido para a sua vida, como para gestores e empresários.

Este livro tem a vantagem de não ser um livro exageradamente ambicioso : passa apenas uma boa ideia e centra-a em alguns conceitos objectivos. Poderá ajudar os leitores a procurar conciliar sucesso e felicidade e guiar os gestores por uma estratégia de gestão de pessoas apaixonante e sustentável.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Ao trabalho!




Há dias lamentei, neste espaço, a falta de ambição do PEC e os maus sinais que transmite.

Para ser justo, há um aspecto positivo no PEC: ao colocar um limite nas prestações sociais, nomeadamente no subsídio de desemprego, incentiva-se o regresso ao mercado de trabalho.

Um dos pontos fracos da economia portuguesa é a dinâmica demográfica. A população envelhece e há pouca gente para trabalhar e consumir.

Se, mesmo assim, o Estado desincentivar o trabalho ao pagar subsídios de desemprego acima do valor actual dos salários, o problema apenas tende a piorar.

Este é um bom sinal do PEC, talvez o único..


Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no jornal Metro em 12 de Março de 2009







quinta-feira, 11 de março de 2010

O Caminho para o CAOS

A chegada ao Mundo Caótico, é uma nova fase, talvez cíclica e fruto da procura de um novo rumo. Ao longo da Vida, o Homem, tem buscado a satisfação material e intelectual, desenvolvendo um mundo progressivamente complexo. As rápidas e profundas alterações que a tecnologia e a sofisticação económica e social provocam, estão a ultrapassar a capacidade Humana de desenvolver modelos que permitam, explicar e compreender a realidade; é isso o Caos, algo que não se consegue prever ou explicar. Publicado no Jornal Metro de 11Mar2010 António Jorge Marketeer

Língua única

Historiadores e governos de todo o mundo insistem num persistente movimento de protecção da língua oficial, na ânsia de proteger a autonomia politica com esse ícone.
A existência de línguas diferentes, ainda que romanticamente bela, resulta da reduzida mobilidade de outrora de um mundo que era uma manta de retalhos sociais. O crescimento de todos como um movimento único – globalização - pede a eficácia de uma língua única, o inglês.
Porque não começar por deixar de fazer traduções sem sentido como sítio para site e aceitarmos que Internet é Internet e mp3 é mp3?

quarta-feira, 10 de março de 2010

O país do "Suf menos"



O Plano de Estabilidade e Crescimento é o que o país tem de mais próximo a uma estratégia de médio prazo.
O PEC apresentado esta semana mostra bem as ambições de Portugal.

Os objectivos para o défice e dívida pública são modestos. Não se pretende chegar ao défice zero, nem dever menos. Queremos depender mais do estrangeiro.

Aborda-se o problema do lado da receita e não da despesa, retirando competitividade futura à economia portuguesa.
O escalão de 45% no IRS acrescenta migalhas ao bolo da receita e serve apenas para sinalizar que o sucesso não é incentivado.

Resumindo, em Portugal prefere-se o "Suf menos" ao "Muito Bom", o que é meio caminho andado para se ser medíocre.


Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no jornal Metro em 10 de Março de 2009







terça-feira, 9 de março de 2010

Que sentido?

Desde à demasiado tempo demasiadas pessoas acham que o negócio das farmácias devia ter sido liberalizado, em vez de protegido como um oligopólio excêntrico.
A recente polémica que envolve governantes e o presidente da Associação Nacional de Farmácias, João Cordeiro, só vem confirmar o óbvio : o proteccionismo não gera os melhores resultados. Que sentido faz limitar a comercialização de fármacos, se até a medicina foi liberalizada e existem há décadas médicos a diagnosticar e corrigir problemas de saúde fora dos hospitais?

segunda-feira, 8 de março de 2010

S.O.S

As tragédias no Haiti, Madeira e Chile, suscitam o nosso alerta para situações extremas. As competências para apreciar os riscos e planear uma reacção a potenciais cenários de catástrofe, são muitas vezes depreciadas pois a sua activação é indesejada. Culturalmente caracterizamo-nos por reagir muito bem a situações novas e diferentes. No entanto, quando se trata de algo totalmente inesperado que comprometa a integridade física ou a saúde, falta treino, formação ou informação. Urge assim complementar os conteúdos programáticos do ensino escolar, com temas que nos preparem desde cedo para situações de emergência.
Publicado no Jornal Metro em 03/03/2010