sexta-feira, 30 de abril de 2010

A Arte de bem copiar

Copiar continua a ser um bom negócio e é uma prática crescente no mercado global.
O segredo é não esperar, procurando activamente novas ideias, em locais recônditos e longínquos, copiando bem e melhorando a oferta em preço e qualidade.
As empresas que abandonam o estigma do “copy is bad”, que se adaptam à disciplina do copiar, e que definem na sua estratégia ajustamentos de melhoria do produto, também conseguem garantir a criação de valor, não sendo este atributo exclusivo dos que inovam.

Os seus depósitos estão seguros?



Em tempos de turbulência, todos se preocupam com a segurança das poupanças. O medo impera, mas deve fugir-se da irracionalidade.
Por princípio, há que diversificar, por bancos e seu país de origem e por classe de activos.  Depósitos correm o risco de o banco falir, ainda que exista um fundo de garantia, que só cobre depósitos e nada mais.
Ao contrário do que se pensa, no caso das acções, fundos ou outros títulos, eles não se confundem com o activo do banco, que apenas  os "guarda". Se um banco falisse, a carteira continuaria na posse do investidor.
É importante referir que não há, neste momento, qualquer indicação que o sistema financeiro português esteja sob tal stress que os depósitos estejam em risco.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 30 de Abril de 2010


quarta-feira, 28 de abril de 2010

Na senda do Dragão

A economia chinesa mantêm um forte crescimento e a recente recessão apenas criou uma pequena turbulência, dado o gigantesco pacote de estímulos que anima a procura doméstica.
Ninguém quer deixar de participar na robustez desta economia e não é por acaso que, praticamente, todas as 500 maiores empresas americanas já lá estão instaladas.
Quem lá está precisa de batalhar muito para sobreviver, mas não investir na China, é garantia de que os concorrentes chegarão lá primeiro.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Cidadãos Exemplares



Em princípio, a tendência para os portugueses voltarem a poupar poderia ser um bom indicador. Um nível de poupança superior ajuda um país a diminuir a dependência externa a todos os níveis e alarga o leque de escolhas. Porém, não é possível dissociar esta alteração de comportamento dos portugueses da difícil conjuntura económica que se lhes depara.

Os portugueses estão assustados. A economia não gera emprego e quem perde o seu posto de trabalho fica no mercado durante muito tempo. A pressão internacional sobre o país é crescente, aumentando o riscos económico-financeiros e diminuindo a confiança. Para mais, os portugueses sabem que as taxas de juro voltarão a subir mais tarde ou mais cedo.

Os portugueses procuram segurança, querem ter depósitos e acesso a liquidez imediata, estando dispostos a receber uma remuneração pouco atractiva.

Nos últimos meses os portugueses não se tornaram mais responsáveis, nem têm maior rendimento disponível. Estão assustados e sem confiança num contexto de incerteza, tendo-se invertido os papéis: são os cidadãos que estão a poupar e a dar o exemplo ao Estado.


Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros

Artigo publicado no Diário Económico em 27 de Abril de 2010 (pág. 32)


Satisfação eficaz

Entre os mais avançados modelos de controle de
gestão, surgiu recentemente uma técnica que revela grande eficácia e surpreendente simplicidade. Trata-se de monitorizar de forma permanente e detalhada a satisfação dos colaboradores. O índice de satisfação interno revelou ser não só muitíssimo correlacionado com os resultados do negócio, como também um leading indicator capaz de prever com suficiente antecedência alterações ou problemas no negócio. Ao avaliar a satisfação dos colaboradores, os gestores antevêm potenciais problemas a tempo de os corrigirem, ou minorarem os seus efeitos.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Urgência nas urgências

Os serviços de urgência melhoraram em meios de diagnóstico, mas o número de reclamações dos utentes em 2009 subiu 14% face a 2008.
Permanece uma falta de organização, cultura e princípios básicos no que toca ao relacionamento dos profissionais de saúde com os doentes, demonstrando que as reformas encetadas ainda não foram suficientes e que os hospitais não conseguiram resolver o problema das "falsas" urgências. Mas a estadia na urgência, que já de si é dolorosa, poderia não ser tão penosa para o doente e para os próprios profissionais, se a todo o momento se pensasse que estamos na presença de vidas humanas, doentes física e psicologicamente.
Tudo seria melhor, se os profissionais de saúde encarassem a urgência não como um frete e nem sequer como um mal necessário para subirem na carreira. No entanto, parece-me existir uma preocupação ... a de garantir a formação contínua, a qual assegura a ascensão na privada de forma sustentada.

domingo, 25 de abril de 2010

O Paradoxo da Despesa Pública

Nos últimos 33 anos a despesa pública, em percentagem do PIB, tem crescido de forma quase linear. Hoje já ultrapassamos a barreira dos 50%, o que representa um crescimento de mais de 72% em relação a 1977.
Se olharmos para o resto da Europa, encontramos nos países desenvolvidos taxas de despesa semelhantes ou até superiores e nos países menos desenvolvidos, mas com taxas de crescimento bem mais interessantes, taxas de despesa muito inferiores.
Somos portanto um paradoxo, despesa ao nível dos mais ricos, mas na realidade somos dos mais pobres.
As finanças públicas, tal como a maioria dos portugueses, vida muito para lá da sua capacidade financeira.
É óbvio que a despesa pública tem implicações no crescimento do PIB, pelo que sem esta despesa pública não teríamos tido as mesmas taxas de crescimento.
Acontece porém que esta despesa significa endividamento, pelo que entre as duas prefiro o modelo dos poupadinhos, que graças ao sector privado vão crescendo bem mais depressa que Portugal.
Dizem-me que cada vez que o número de países da CE aumenta, o nosso desafio se renova: chegar ao último lugar do pelotão. Com esta situação e não se vislumbrando uma inversão do caminho, penso que, lamentavelmente, não será difícil cumprir a profecia.
Jorge Serra

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Revolução Silenciosa



Em Fevereiro, o volume de negócios da indústria portuguesa subiu 12.9% face há um ano, enquanto o emprego diminuiu 4.7%. O índice de emprego na indústria desce consecutivamente desde Fevereiro de 2009, mas a produção cresceu em mais de metade dos últimos 12 meses.

Está em curso uma alteração de modelo, abandonando-se o modelo de mão-de-obra intensiva e privilegiando a produtividade.  Assim se explica maior produção com menos empregados e horas trabalhadas.

Trata-se de uma revolução silenciosa. Dolorosa em termos de desemprego, mas é a única hipótese de sobrevivência para a indústria nacional.


Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no jornal Metro em 23 de Abril de 2010







quinta-feira, 22 de abril de 2010

Vulcão de Taleb

Foi um vulcão na pequena Islândia que trouxe a teoria do “Cisne Negro” de Nassim Taleb à memória dos que leram os imperdíveis livros. Cisne Negro é um acontecimento que reúne três atributos: raridade, impacto extremo e previsibilidade retrospectiva. A teoria considera que o "mundo civilizado" trabalha segundo a falsa convicção que os seus instrumentos podem medir a incerteza e a previsão é uma ciência, o que estes fenómenos põem em causa. O vulcão da Islândia e os seus galopantes efeitos são a prova de que o imprevisível tem um lugar demasiado importante e menosprezado na economia mundial.

Everybody Loves You When You're Dead

Da morte, diz-se duas coisas: tudo perdoa e, no caso dos artistas, valoriza. E para Michael Jackson, essa é a mais pura das verdades. De menino de ouro nos anos 70 e 80 até ao declínio causado pela vida atribulada e excêntrica que o transformou numa das punchlines para anedotas preferidas da América, o falecimento veio reabilitar a imagem muito desgastada do cantor.
Embora a anos-luz dos 100 milhões de Thriller, na semana que se seguiu três dos seus álbuns ocuparam o top de vendas nos Estados Unidos, e o serviço Last.fm, que fornece estatísticas de hábitos de escuta dos seus utilizadores não mente - mais 100 mil ouvintes que na semana anterior. Com mais de meio ano passado desde o seu falecimento, os seus herdeiros assinaram um contrato no valor de 200 milhões de euros - o mais alto de sempre, numa altura que a própria indústria considera de vacas magras. Enquanto o retorno deste investimento por parte da Sony seja quase garantido, os valores nunca seriam tão altos com Jackson - ainda há um ano o Wacko Jacko - ainda vivo.
A morte acabou por ser a redenção do "Rei da Pop". Ninguém mais ousará dizer que vai nu.
Luís Silva
Crítico musical
Públicado no Metro do dia 22 de Abril

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Execução Fiscal 1º Trimestre

O Ministério das Finanças, através do seu comunicado de imprensa de ontem (20/04/2010) congratula-se em apresentar uma melhoria das contas públicas, graças ao aumento de 0,8% das receitas fiscais no 1º trimestre de 2010.

Compreendo que, em vésperas da interpelação promovida pelo PSD sobre assuntos económicos, o Governo anuncie um aumento da sua eficiência fiscal.

Eu, pessoalmente, congratulava-me muito mais se o aumento da eficiência assentasse numa redução efectiva da despesa e não num aumento dos impostos indirectos suportados pelas empresas e cidadãos nacionais.

De facto, a despesa decresceu apenas 0,4%, o que corresponde a um grau de execução orçamental de 20%. Ou seja, foi graças ao IVA e ao ISV que as contas portuguesas melhoraram, e não graças a uma melhor gestão dos dinheiros públicos.

A meu ver, assim não vamos lá.

Jorge Serra

sábado, 17 de abril de 2010

PuraMente #42 - Flip It

Nome: Flip It

Autor: Michael Heppel

Data Original: Dezembro 2009

Frase: " How to get the best out of Everything"

Keywords: Flip It, reinvent; positive; creativity; new way;

Apreciação: ***

Flip It não é um tradicional livro de gestão. Na realidade, nem sequer é um livro de gestão. Trata-se de uma obra cujo conteúdo pode ser aproveitado também para melhor gerir empresas e negócios, mas o enfoque principal está na pessoa, no indivíduo, no leitor.

O objectivo de Heppel é demonstrar que há sempre uma forma melhor de fazer as coisas e aproveitar mais cada processo, parte da vida, problema e oportunidade. Flip é o verbo que o autor inventou para reinventar uma nova forma de agir em cada aspecto, de forma a chegar mais longe, ser melhor e conseguir atingir e superar os objectivos. Heppel não se limita a dissertar, recomendar ou sugerir – o autor refere exemplos reais de forma constante e propõe frameworks para variadíssimas das suas teses, um valor acrescentado importante.

As 156 páginas de Flip It dividem-se em propostas de reinvenção em áreas como a felicidade, amigos, família, amor, saúde, dinheiro, sucesso, criatividade, trabalho e negócios, futuro e ”tudo o resto”. A fórmula de comunicação escolhida – muito popular – posiciona um livro entre uma a boa proposta de valor e um light manual. Num outro registo, Flip It toca em temas óbvios, mas sobre os quais convém ser recordado periodicamente, já que muitos dos bons conselhos para mais eficácia na vida e nos negócios são tão fáceis de entender como de esquecer.

A reinvenção permanente é uma tendência crescente, pelo que o livro ganha um interesse adicional. Finalmente, mudar radicalmente a forma como cada um encara determinado problema ou aspecto e procurar absolutas novas formas de o fazer é uma missão que só pode melhorar as pessoas, as famílias, as empresas, e em última análise o mundo.

Um livro que se recomenda a todos.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Cooperação Competitiva

Foto: Luís Ferreira
Como podemos pedir a empresas, de pequena dimensão, restritos recursos (humanos, tecnológicos e financeiros) e delicado acesso a informação relevante, que conquistem novos mercados?
Ainda que a internacionalização deva ser missão nas PME portuguesas, verifica-se que acções isoladas são respostas limitadas às exigências do mercado global.
Pelo contrário, a cooperação competitiva pode ser um instrumento relevante: aportando escala, agilidade, inovação e produtividade, a par da dispersão do esforço e do risco. Contudo, exige visão, estratégia e resiliência – em muitos casos, uma verdadeira revolução na cultura empresarial nacional.
Publicado no Jornal "METRO" em 16-Abr-2010.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Tordesilhas XXI



Portugal está a tentar, junto da ONU, a extensão da sua plataforma continental, com vista à duplicação da área marítima sob jurisdição portuguesa. Aparentemente não haverá obstáculos às pretensões portuguesas dado que a área reclamada é, actualmente, "terra de ninguém".

Estas negociações trazem-nos à memória outra época histórica, quando em 1494 Portugal reclamou outras "terras de ninguém", que viriam a alimentar o Reino durante séculos por lá se encontrar o que hoje é o Brasil.

Saiba e possa o país aproveitar e rentabilizar estes novos territórios e o ano de 2010 ficará também na história nacional.


Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no jornal Metro em 15 de Abril de 2010







quarta-feira, 14 de abril de 2010

Coerência precisa-se!

Com a publicação do DL 26/2010, confirma-se a pretensão do Governo de terminar com as inspecções às instalações eléctricas e de gás nas habitações. No futuro iremos adquirir habitações cuja segurança estará posta em causa. Numa altura em que passou a ser obrigatória a Certificação Energética e a inspecção aos Equipamentos de Diversão, assistimos a um aligeiramento grave dos requisitos de segurança dos nossos lares. Alguém percebe? Se sim, façam o favor de me explicar! Jorge Serra Gestor (Jornal Metro 14/04/2010)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Desemprego Especializado

É unânime que a face mais visível da actual crise económica é o desemprego. Uma das medidas inseridas na “Iniciativa Emprego 2010” é a qualificação de desempregados, através da promoção de cursos de formação profissional. Os C.E.T - Cursos de Especialização Tecnológica são uma formação pós-secundária não superior, conferindo qualificação profissional do nível 4. Com um mercado de trabalho em rápida transformação e marcado por um desenvolvimento científico e tecnológico, exigem-se mudanças estratégicas na oferta formativa. Em instituições sérias e credíveis e com formadores capazes, será certamente possível acrescentar valor.
Publicado no Jornal Metro em 31.03.2010

Conversas Certificadas




Já se fazem muitos negócios por email, messenger, redes sociais e outras ferramentas na internet. A facilidade de utilização destas plataformas e a flexibilidade explicam o seu sucesso e importância.

Coloca-se o problema da certificação das conversas. Ou seja, em caso de disputa sobre o que foi combinado online, como saber quem disse o quê? Nos acordos verbais há testemunhas, os contratos escritos têm assinaturas e as conversas telefónicas podem ser gravadas.

Mas, no email e no messaging, não adianta guardar um registo pessoal que é facilmente adulterável. A certificação de emails e outras conversas online é uma necessidade e uma área de negócio a explorar..


Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no jornal Metro em 9 de Abril de 2010







O Exemplo Blockbuster

Alguns negócios estão invariavelmente condenados à extinção ou por questões de mercado ou por desadequação tecnológica no tempo. A Blockbuster já foi a principal cadeia de aluguer de vídeo em Portugal. A evidência de que outros meios de distribuição ameaçavam substituir o tradicional DVD não foi suficiente para que encontrasse a seu tempo alternativas válidas ao seu modus operandis. A incapacidade da Blockbuster adequar o seu negócio à realidade poderá vir a ser fatal para a sua sobrevivência. Pedro Tuna Administrador da RoomDimensions

quinta-feira, 8 de abril de 2010

"Colaboradores Motivados, Melhores Resultados"

A remuneração é um dos factores principais na escolha de um trabalho.
Estudos de melhores práticas revelam que muitas organizações dão mais atenção ao recrutamento do que à retenção de talento.
Uma palavra de reconhecimento pode ser o suficiente para dar motivação.
Um trabalhador motivado tem melhor desempenho, mas desmotivado não cumpre os objectivos e contamina o ambiente.
As pessoas são como as plantas: Devem ser regadas com frequência.
Miguel Braga
Sócio Gerente
Rule of Thumb Ltd.
Publicado no jornal "METRO" em 8-Abr-2010

terça-feira, 6 de abril de 2010

N-11

Next Eleven
A par dos BRIC, os Next Eleven serão as próximas potências na economia do sec. XXI.
Salvo a Coreia do Sul e o menos desenvolvido Bangladesh, são países recém-industrializados (Filipinas, México e Turquia) ou em desenvolvimento (Egipto, Indonésia, Irão, Paquistão, Nigéria e Vietname).
Além de elevada população, partilham auspiciosa combinação de crescimento: estabilidade macroeconómica, maturidade política, abertura ao comércio e ao investimento e qualidade de educação.
Enquanto Portugal força a estabilidade ao crescimento, atentemos os N-11: pelo exemplo e desafio.
Publicado no jornal "METRO" em 6-Abr-2010

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Momentos Incomparáveis

Gerir empresas que superam constantemente as expectativas dos clientes constitui o mais alto de todos os desafios: continuar a satisfazer o cliente mais exigente, num mercado de permanente mudança.
A Google e a Apple são bons exemplos destas realidades, e ambas podem falhar ao simplesmente não fazerem de cada produto um novo e disruptivo standard de mercado. Foi isso que aconteceu com o iPad da Apple e o Nexus One ou Buzz da Google. Prova que não há empresas insuperáveis, apenas momentos incomparáveis.