segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

D-Raise do Comércio Justo

O Comércio Justo, considerado uma importante tendência há poucos anos, está em decréscimo , fruto do cepticismo dos consumidores da isenção do processo e da qualidade dos produtos, entre outros.
No meu ponto de vista esta é uma boa noticia, não porque tenha razões para duvidar e da qualidade dos produtos destas origens supostamente controladas, mas porque esta assimetria, a ser permanente e definitiva, assumia uma relevante assimetria nos mercados, criando concorrência noutros mercados, que de justa nada tem.
Quando tem tempo, o mercado tem sempre razão. Sempre.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Parvoíces



Uma canção aglutinou jovens adultos insatisfeitos, que preparam uma manifestação nacional.

Encorajo as manifestações de insatisfação, mas não aceito o argumento que ter estudado implica ter um emprego bem pago.

Antes de mais, uma licenciatura não garante competência profissional. Depois, há que entender que "ter um curso" já não é exclusivo, passando a ser quase "standard". O argumento revela uma filosofia de direitos adquiridos e não de mérito.

Finalmente, esta geração transpira egoísmo geracional, ignorando que os problemas económicos são ainda mais cruéis para os mais velhos, com menos hipóteses de reinserção laboral... e que se sacrificaram para os colocar a estudar.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 25 de Fevereiro de 2011


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Viktor Frankl: Why to believe in others [From TED.com]

Este vídeo, que é famoso, sintetiza porque é que temos sempre de pensar em superação e em elevar expectativas relativamente aos outros.


Search for meaning

In this rare clip from 1972, legendary psychiatrist and Holocaust-survivor Viktor Frankl delivers a powerful message about the human search for meaning -- and the most important gift we can give others.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A Receita



Nos últimos dois anos venho dedicando boa parte dos meus tempos livres à leitura.

Após mais de meia centena de livros, emergem as ideias que mais vezes são sugeridas como caminho que leva ao sucesso de pessoas e organizações.

Clareza de objectivos (saber onde se quer chegar), definição de metas ambiciosas em público, disciplina na alocação de tempo e equilíbrio entre as várias dimensões na vida pessoal são sugestões que parecem óbvias e facilmente serão aceites.

A receita é tão simples quanto essencial; a grande dificuldade está na implementação. E é aí que, na maior parte das vezes, se faz a diferença.


Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 18 de Fevereiro de 2011


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Absurdo no TGV

Um quadro dos transportes ferroviários franceses apresentou recentemente a “Internet no TGV” numa conferência de inovação. Com pompa, informou que o projecto custara 60 milhões de euros, detalhando todas as dificuldades técnicas e mencionando o preço do serviço: 5€ por hora!
Gastaram 60 milhões na criação de um serviço commodity com limitações técnicas num comboio de alta qualidade, e ainda tentam cobrar! O leaning point é que, em serviços diferenciados, a cobrança de um custo por um serviço anula frequentemente o valor percepcionado do cliente, que a assume a um custo marginal nulo.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Hi5 vs Myspace

Para além do crescimento do Facebook como plataforma social media, também o Twitter, LinkedIn e o MySpace cresceram, enquanto o Hi5, TST e Orkut não param de cair.
O sucesso do Myspace, em contraponto com o insucesso do Orkut e Hi5, deve-se ao facto destes se terem sabido reposicionar quando alguém assumiu a liderança e ocupou a sua antiga quota. Enquanto o Hi5 pensava poder combater o Facebook, o Myspace especializava-se num nicho (música), tornando-se o melhor do nicho.
Twitter e LinkedIn já eram os melhores nos seus. O líder não agrada a todos, deixando espaço para o complementar.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Conversas corajosas

A vida dos Credores não tem sido fácil, mas o mesmo se pode dizer dos Devedores. Os primeiros porque lutam contra o aumento da sinistralidade da sua carteira de crédito e os segundos porque quando vêm pedir ajuda e aconselhamento, muitas vezes já é tarde.

A via mais eficaz para os Credores é explorarem proactivamente os primeiros sinais de dificuldades dos Devedores, contactando-os antes do incumprimento, surpreendendo-os ao abordar as dificuldades de frente, e motivando-os a interagir e a reagir, antes do problema se tornar maior e mais difícil de domar.

Aqueles Devedores que aceitarem imediatamente uma alteração de atitude perante as suas dívidas, devem ser utilizados na construção de um razoável indicador de uma potencial recuperação.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Divergência

Muito se tem falado sobre crise, liquidez e divida pública. Será que vem o FMI? Novos programas de estabilidade? Que factura vão os portugueses pagar?
Não se tem contudo falado do maior risco: divergência. Enquanto Portugal continuar no grupo dos PIGS, a Irlanda e a Grécia estiverem como estão, a Bélgica, Itália e Espanha tiverem os seus problemas, estaremos no pelotão de trás, o que é bem diferente de estar atrás isolado. Se divergirmos dos restantes países e ficarmos mal enquanto eles resolvem os seus problemas, teremos dores de cabeça a sério.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

PPR (1989-2010)



No último ano em que os PPR constituíam um instrumento de poupança fiscal, não foram capazes de atrair o interesse esperado. O valor alocado foi apenas 3% acima do registado em 2009, registando, ainda assim, uma subida.

Tudo indicava que 2010 seria um ano de crescimento considerando que, até Setembro, estavam investidos quase 2400 milhões de euros, mais 17% do que em 2009. O mais provável é que muitos portugueses tenham feito os PPR mais cedo e que, para outros, não tenha sido possível fazê-lo, quer por falta de rendimento disponível, por terem optado por outras aplicações ou pelo consumo, ou ainda por uma menor confiança no sector bancário e segurador no final do ano.

Para 2011 espera-se a “pulverização” dos PPR por lhes terem sido retirados grande parte dos benefícios fiscais, tornando-os desinteressantes. Recordemos o que sucedeu com as Contas Poupança-Habitação, que “desapareceram do mapa” após deixarem de contar com esses benefícios.

Muitos consideram que a eliminação dos benefícios fiscais dos PPR desincentiva a poupança, mas os PPR eram, quase sempre, apenas instrumentos de eficiência fiscal. O benefício associado à sua subscrição era desequilibrado em favor do contribuinte, razão pela qual o governo terá decidido alterar a legislação. Por outro lado, só os agregados familiares com maior capacidade financeira tinham acesso à subscrição de PPR.

Se é verdade que é necessário promover a poupança junto dos portugueses, sobretudo para a reforma, reconheça-se que o PPR era quase sempre subscrito para poupar no IRS e não por se pensar no futuro. Prova disso é que grande parte das subscrições era efectuada pelo valor exacto que proporcionava o benefício fiscal óptimo.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no Diário Económico em 10 de Fevereiro de 2011 (pág. 4)


Dívida Secular



Nos EUA discute-se a hipótese de o governo emitir títulos de dívida de muito longo prazo, que podem mesmo chegar aos 100 anos.

Recentemente a Goldman Sachs emitiu a 50 anos e o México a 100. Estas obrigações, que têm um carácter praticamente perpétuo, são normalmente muito bem recebidas pelo mercado, dado que pagam um juro superior por o prazo de pagamento ser maior.

Vale a pena recuar século XVIII quando as acções de rendimento perpétuo de 5% da "Companhia dos Mares do Sul" foram cobiçadas por todos os ingleses. A "aventura" acabou mal.

Pergunto-me qual será a intenção de pagar por parte de quem se endivida a um "prazo" tão longo.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 10 de Fevereiro de 2011


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O fim dos portais?

Há meia década atrás os portais detinham a liderança do tráfego da Internet, agregando numa única página as ligações para outros sites, uma função de procura e os básicos da informação.
Hoje, quase todos os portais perdem espaço, e muitos já desapareceram. Em Portugal só SAPO resiste, enquanto Aeiou, IOL e Clix perdem tráfego de forma acelerada, e a nível internacional passa-se o mesmo, consequência da importância do Google como homepage, complementada por sites de redes sociais e blogues próprios. Falta saber se os mais drivers aguentam o tráfego conquistado.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Black Swan Black Swan Black Swan Black Swan

Tive oportunidade de assistir ontem ao filme do moment o : Black Swan, um filme que relata a preparação e estreia de uma das coreografias do Lago dos Cisnes na Companhia de Ballet de NYC. É evidente que se trata de um grande filme que ficará na História do Cinema, desde logo pela excepcional actuação de Natalie Portman (Globo de Ouro), mas também pela trama e sobretudo pelas mensagens que estão atrás dessa mesma trama, que são muitas e relevantes.

Comentar cinema não é a minha praia, nem este é o foro apropriado para tal. No entanto, há uma das discussões que o filme não encerra, mas abre, no seu pano de fundo de largo espectro:

A personagem principal, Nina, é uma lutadora pela perfeição, apurando a técnica até ao limite, mas agindo de forma frívola, recalcada e distante com os demais aspectos da sua vida, em especial os sociais. A sua arquirival (dicotomia amiga/inimiga que procurava o mesmo pepal principal na peça) é a sua antítese: luta pelo ballet, mas tem vida fora dele. E que vida!

A questão é portanto: devemos enfocar-nos ao limite naquela que é a nossa prioridade (profissional ou pessoal), ou devemos diversificar interesses e lutar opela mesma, sem deixar de viver , socializar e ter as mais variadas componentes da vida?

Muito embora a primeira resposta possa de uma forma mais imediata merecer mais atenção, sobretudo porque se está muitas vezes a competir com pessoas completamente centradas no seu trabalho ou prioridade, a minha opinião é que os excepcionais são aqueles que conseguem ser bons em algo, sem deixar de viver o resto. Sem terem de prescindir da sua vida, dos seus amigos, de outras prioridades, da sua saúde mental e fisica, do que entenderem. Sem prescindirem demasiado.

Estes serão os afortunados, porque alcançarão objectivos, prescindidno de menos, o que os frustra menos quando têm falhas intermédias, e os projecta mais quando alcançam sucessos. Mas a minha opinião vai mais longe. Não é só melhor para eles. é melhor para todos. Teremos pessoas menos psicóticas, mais equilibradas e todos - literalmente todos - beneficiamos com isso.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Dilema no BCE



A subida dos preços na zona euro está atingir valores acima dos 2%. A inflação subjacente ("core") continua baixa e, se tivermos em conta toda a zona euro, verifica-se que o desemprego está nos 10.1% - um valor historicamente elevado.

O problema é que a situação na Alemanha é quase a oposta em termos de desemprego, registando-se a taxa mais baixa dos últimos 18 anos. Tudo indica que as negociações salariais serão muito favoráveis aos trabalhadores, pressionando os preços em alta.

O BCE depara-se com a situação difícil de “escolher” entre o que é mais aconselhável para a zona euro ou para a sua maior economia o que, desta vez, não é exactamente a mesma coisa.


Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 4 de Fevereiro de 2011


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Temos a inflação de volta?



A estimativa rápida da inflação da zona euro de Janeiro, mostrou uma subida homologa dos preços de 2.4%, o mais alto desde finais de 2008. Estima-se que mais de 1 p.p. da subida seja explicada pela energia e alimentação.

O petróleo (Brent) já está perto de 100 dólares e commodities com o milho e o trigo, especialmente este último, têm subido de forma significativa. São preços com potencial de contágio ao resto da economia, ainda que não seja essa a visão predominante. É provável que a inflação homóloga se mantenha acima de 2% durante todo o ano.


Filipe Garcia

Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros

Publicado no jornal Metro em 2 de Fevereiro de 2011

Blogues Maduros?

O tráfego em blogues tem tido um comportamento curioso. As visitas ao Wordpress e Blogger diminuíram, mas ao Blogspot cresceram. Tal significa que se escreve menos em blogues, mas lê-se mais. A explicação: cada vez existir mais repositório online, o que alimenta um aumento de tráfego via search.
Informações de outro estudo mostram que depois de muitas experiências, uma grande parte dos bloggers abandona os seus espaços ou desvitaliza-os, enquanto um menor grupo de blogues se tornam especializados e activos, quase profissionais.
Chegou a maturidade à blogolândia?

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Shazamization


A few days ago, at an European Marketing Seminar,  I was surprised by a new key future concept - Shazamization.

Actually, this is a very simple idea and obviously relates to the known mobile app "Shazam", which allows everyone to identify the artist and the song title from a small bit of music.

Goggles, from Google, is now able to recognize some objects and places. All you have to do is take a snapshot picture, upload it and ask the clouded software to do the trick.

So, "Shazamization" is the ability of identifying, using a portable device camera, objects, places and perhaps even people. That could lead to a purchase decision or searching for more info related.

This might be revolutionary as a business model for retail an advertising, at least!


Filipe Garcia

Economist at IMF, Informação de Mercados Financeiros - Portugal

Article published at "Metro" in January 28th, 2011.

Facebook Killer

O sucesso do Facebook como rede social é hoje inquestionável. A questão que agora se coloca é qual será o sucessor em termos de social media? Quem vai destronar o Facebook e como? O next hype pode vir a ser o programa ou serviço online que subtraia com automatismos a informação do Face e permita colocá-la noutras plataformas, potenciando mutações rápidas e em massa de plataformas de rede social e devolvendo democracia ao sector. Ou seja, em vez de um próximo Facebook, poderemos assistir a um serviço diferenciado que torne as redes sociais um commodity.