sexta-feira, 18 de maio de 2012


O Instagram, Pinterest e Path são mais sexy do que o Facebook por serem menos mainstream, mais orientados para o mobile, terem melhores apps e serem menos comerciais.

A questão é a sustentabilidade. Ao comprar o Instagram,o Facebook pode aprender a ter melhores apps (mais rápidas, mais kool,mais instintivas), mas não consegue nada do resto.

Tendência : os users a gostarem cada vez mais das opções menos comerciais, preferindo apps divertidas e instantâneas que maximizem a partilha em menos segundos e toques, escolhendo aplicações onde os amigos possam estar mas não estejam todos os demais.

A começar pelos pais.




quarta-feira, 16 de maio de 2012

Incompreensível


Como esperado, a Grécia terá de realizar nova consulta eleitoral após não ter sido possível formar governo com base nos resultados das últimas eleições. De acordo com as regras gregas, devem ser marcadas novas eleições em meados de Junho. Entretanto, a crise política grega acentua-se e o consenso é que o país está cada vez mais próximo da bancarrota e da saída do euro. As sondagens mostram que o partido SYRIZA, que ficou em segundo lugar no último escrutínio e que rejeita o resgate financeiro acordado com a troika, está bem colocado para vencer as eleições. É evidente que os gregos já não se revêem nos partidos e políticos que estiveram no poder nas últimas décadas, mas cerca de dois terços apoiam a manutenção do país no euro, conscientes das consequências de regressar ao dracma, mesmo que se esteja a falar de efeitos de longo prazo. A Grécia está geograficamente próxima de países com moeda própria, o que não os tem conduzido a um nível de vida superior ao seu. Turquia, Bulgária, Albânia, Roménia, Sérvia, Roménia e Hungria são alguns exemplos.

Podem argumentar-se questões de moralidade económica, mas o facto é que a Grécia só “cairá” se os países mais importantes da zona euro assim o entenderem. A economia grega representa cerca de 2.5% do PIB da zona euro e ainda menos da União Europeia. Portanto, pode dizer-se que, formalmente, serão os gregos a optar sair, mas tal só sucederá por reacção ao que tem sido imposto pelos países do centro. Se a Grécia sair, é porque terá sido “empurrada” pelos demais pois haveria a capacidade financeira de a resgatar. Ainda acreditamos que esse cenário é o mais racional.

É, para nós, incompreensível que os países do centro estejam a ponderar a hipótese da saída da Grécia. Se ela se vier a concretizar, gera-se um evento de altíssimo risco para o euro e para a própria União Europeia. Saído a Grécia, a pressão sobre Portugal, Espanha e Itália pode revelar-se insuportável e constituir o princípio do fim da União Europeia. Num cenário em que os gregos querem permanecer no euro e em que é do interesse da UEM (pelo menos) que a Grécia não saia, é difícil de perceber como se pode estar tão próximo de um desfecho contrário. Sabe-se que o euro (e uma Europa forte e unida) tem muitos inimigos: Estados Unidos, Grã-Bretanha e Rússia à cabeça, mas a decisão não cabe a estes protagonistas. E é fácil concluir que é do interesse dos periféricos manter a situação actual.

A única explicação histórica para uma eventual saída da Grécia será a vontade da Alemanha em abandonar o projecto europeu.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros



Tendência : depois das guerras de patentes Oracle vs Google + Facebook vs Yahoo + Apple vs Samsung ... um novo approach relativamente ao patenteamento está a ser planeado.

Unit Licence Rights são patentes transformadas em acções que podem democratizar este sector. A ideia é que as patentes sejam comercializadas como unidades de acções para cada unidade de produção efectivamente transaccionada, e que o preço de utilização dessa ideia/inovação não seja fixo por alguém que limite o mercado, mas seja definido pelo próprio mercado numa lógica de procura e oferta.

Para breve.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Erro de casting




Ter uma boa ideia de negócio e depois não preparar bem a sua implementação, é meio caminho andado para correr mal. Foi o que aconteceu hoje no feriado do 1º de Maio numa importante cadeia de distribuição moderna.

A ideia de 50% de desconto para compras superiores a 100 euros até pode ter sido boa, mas foi mal preparada, com a procura a exceder largamente a oferta e a capacidade instalada de meios e pessoas.

Não é caso único; O bottleneck é muito comum acontecer quando não se prevê o impacto de certas acções comerciais.

Com a experiência dos gestores deste Grupo de Distribuição, não deixa de ser surpreendente.


Nada é perpétuo

Em final de 2010 o BES emitiu obrigações perpétuas (sem data fixa de vencimento), que garantiam um juro anual de 8.5% nos cinco primeiros anos.
Um ano depois o BES aprovou a troca das obrigações por acções do banco, a 1.80 euros por acção, numa altura em que os títulos já cotavam abaixo de 1.30 euros – quem quisesse sair do investimento perderia quase 30%.
E talvez o devesse ter feito porque hoje as acções do BES cotam em torno de 60 cêntimos (mais direitos de subscrição) e os accionistas “à força”, que antes eram obrigacionistas, foram convidados a colocar mais dinheiro para participar num aumento de capital em Maio.
Quem sabe, sabe e o BES sabe. Sabe bem mais do que os seus clientes.

Filipe Garcia Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros

Publicado no jornal Metro em 26 de Abril de 2012