quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Puramente #40 - Supercorp

Nome: SuperCorp
Autor: Rosabeth Kanter
Data Original: Agosto 2009
Frase: " How Vanguard Companies Create Innovation, Profits, Growth, and Social Good"
Keywords: Inovação; Crescimento; Mudança; Ciclo de Vida; Manter liderança; Persistência; Diplomacia;
Apreciação: ****
Rosabeth Kanter, professora da mítica Harvard Business School, destaca nesta obra um conjunto de importantes aspectos relacionados com a competitividade num mundo cada vez mais globalizado e em mutação contínua. Kanter explora de forma sistemática e pormenorizada os factores que considera vitais para ter sucesso num ambiente de proeminente mudança de shift tecnológico, económico e sobretudo cultural.
O livro, que teve um imediato sucesso no campus, saltou rapidamente para os tops de outras universidades importantes no espectro do mundo académico americano, como é o caso de Kellog´s.
A autora advoga que as empresas que irão sobreviver e sustentar-se no futuro são aquelas que reúnem simultaneamente grandes doses de energia, abundantes listas de contactos, um voraz apetite por comunicação, flexibilidade, facilidade em sair da zona de conforto, em particular para ambientes de grande ambiguidade e turbolência e – primordial – uma crença sistemática e consistente por parte dos colaboradores de que os valores e princípios da sua empresa são muito mais do que um “simples emprego”.
O enfoque de Kanter encontra-se, como era de esperar, alinhado com as tendências de sustentabilidade, factor que cruza não raras vezes com os aspectos culturais de posicionamento da empresa e da respectiva liderança, relacionando-os de forma pormenorizada com a motivação do corpo enérgico da sociedade.
Esta obra ganha especial destaque pela sua abordagem prática, repleta de bons e contemporâneos exemplos, bem como de checklists completas e detalhadas e anotações relevantes e provavelmente importantes no momento de aplicação das teorias enunciadas.
Sem sem uma obra disruptiva ou obrigatória, Supercorp parece ser um livro sobretudo eficaz para a gestão contemporânea.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Direitos de Autor

O lançamento do livro “Speculations and Trends”, livre de direitos de autor e aberto para que a sociedade o utilize em seu proveito, veio relançar a discussão sobre o tema da propriedade intelectual e dos direitos que cada criador tem e deve ter sobre as obras que produz.
Refira-se que os direitos de autor são uma barreira ao desenvolvimento célere do conhecimento, porquanto atrasam, limitam ou impedem a utilização da informação para criação de novas versões, melhoradas ou diferentes. O remix de conteúdos da área do conhecimento – mashups - tem acelerado aquilo que se designa vulgarmente por sociedade do conhecimento, onde países como a Índia, Rússia e China desempenham um papel cada vez mais relevante, fruto da sua flexibilidade em matéria de direitos de autor. Naturalmente, os direitos de autor foram criados para remunerar os autores e esse é um assunto que tem de ser resolvido, agora que urge liberalizar a utilização das obras – sejam músicas, filmes ou livros.
Na sociedade de hoje, os autores dispõem de um sem número de outras formas de remuneração, como concertos, seminários, conferências ou pareceres, para além do mais óbvio : a venda dos seus produtos. Há quem confunda uma margem da venda de um produto de sua criação com proibição de reprodução e limitação de utilização das obras. Se a primeira é legítima e recomendada, a segunda faz parte do passado.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

E você? (*)

É minha convicção de que a grande decisão geopolítica que se avizinha é o referendo ao federalismo europeu no espaço da zona euro. Ocorrerá, provavelmente, dentro de poucos anos. Ao contrário de outras tentativas de integração, realizadas noutros tempos da nossa História, a União Europeia, como nós a conhecemos hoje, assenta num conjunto de benefícios e responsabilidades mútuas. É uma espécie de clube privado, onde, até aqui, o principal elo de ligação tem sido o euro. Ora, tal como um governo que inicia uma nova legislatura, o euro também teve direito ao seu período de graça. Mas esse período de graça acabou. Na ausência de uma união política entre os membros da zona euro, a indisciplina de alguns convidados do clube está finalmente a emergir. Como? Na forma de uma crise das finanças públicas, na Grécia, na Irlanda e, em breve, noutros países, entre os quais Portugal. A opção de sair do euro, diz-se, não é opção. Contudo, nos mercados, como a crise bancária do ano passado evidenciou, um “bluff” mal feito pode custar muito caro. Assim, se nada mudar, e sem espaço para se aumentarem impostos, a despesa pública em alguns países europeus cairá drasticamente. À contestação social que surgir, seguir-se-á a pressão para abandonar o euro; para gáudio da multidão, mas sem benefício para o país. Será, pois, nesse dia que alguém exclamará: votemos pela Europa! E você…como reagirá? (*) Publicado no jornal METRO a 22 de Janeiro de 2010.

Plano B

B-Task

Frequentemente, as organizações necessitam de competências fora do seu âmbito central de actuação, sobretudo em áreas ligadas às novas tecnologias. Nestes casos, ou em necessidades ocasionais de conhecimentos em áreas onde a empresa não tem competências desenvolvidas, a solução mais comum da gestão contemporânea passa por um denominador comum: subcontratação.

Dentro das empresas, nos níveis e funções mais improváveis, os gestores encontrariam quase sempre alguém com microcompetências que satisfariam as necessidades mais imediatas, sem o investimento em tempo e dinheiro que o outsourcing exige. Cozinheiros que sabem integrar o iPod com o Blogger, repositores que podem resolver problemas de manutenção nas arcas frigorificas ou telefonistas com competências no Photoshop são situações recorrentes e quase permanentes nas empresas, fruto de outras experiências profissionais e hobbies ou interesses pessoais dos respectivos colaboradores. Em alguns casos, a empresa poderia aproveitar estas competências, poupando tempo e dinheiro e motivando os recursos. Noutros, mais estruturais, poderia utilizar os conhecimentos para o briefing da subcontratação.

As empresas não utilizem estas competências complementares dos seus recursos por desconhecimento, pelo que parece fazer sentido reinventar processos noutras áreas da gestão de pessoas, nomeadamente nos projectos de desenvolvimento pessoal.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

PuraMente #39 - Micro Trends

Micro Trends
Nome: Micro Trends
Autor: Marc Penn & E. Kinney Zalesne
Data Original: Outubro 2007
Frase: "Surprising tales of the way we live today"
Keywords: trends; social; economy; health; lifestyle; education;Technology
Apreciação: ***
Micro Trends é uma curiosa e interessante mistura de livro técnico com romance, no sentido que divaga de forma conscientemente pouco cientifica – área que não aprofunda demasiado para tornar a obra mais acessível a todos - sobre temas da maior importância, dando-lhe o rigor estatístico necessário.
O livro está dividido em 15 capítulos, que representam agrupamentos de assuntos considerados críticos pelos autores, em matéria de tendências para os próximos anos. Micro Trends trata dos pequenos grupos de tendências que criarão grandes alterações no futuro próximo, explorando de forma intrigante as diferenças entre as pessoas e como essas diferenças, sistematizadas no fim da uniformização, podem consistir na resposta para os muitos dos problemas.
Noutro registo, Micro Trends demonstra que “small is the new big”, através de um completo exercício de nano-sociologia, explanado através de análises em áreas como negócios, imagem, adolescência, vida em família, religião, cultura, educação, política, entretenimento ou dieta. Mark Penn sustenta a tese de que serão micro tendências nestas áreas que condicionarão o futuro e acelerarão a mudança. A importância da tese relaciona-se com o facto de se tratarem de micro tendências pouco estudadas, acompanhadas e vigiadas, o que conduz a uma conclusão da insuficiente informação que os gestores e políticos actuais têm sobre o futuro, bem como – não menos importante – em conhecer a origem e explicação dos problemas na nascente do seu caudal, antes de se tornarem grandes e incontroláveis rios, repletos de cocktails de micro razões potenciais, dificilmente estudáveis ou tratáveis.
Micro Trends não é um livro obrigatório, mas recomenda-se a todos que procurem conhecer fenómenos sociais que influenciam o futuro próximo.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

No tempo certo

Foto: Luís Ferreira
Houve momento de respostas urgentes – pacificar ânimos, injectar liquidez, intervir em sectores sensíveis, acalmar mercados. Com o restaurar da confiança e a retoma no horizonte, é tempo de apostas prioritárias – aproveitar a recuperação da economia para fazer germinar novos modelos de desenvolvimento assentes em inovadores factores competitivos.
Situações exigentes requerem respostas inteligentes. Com diminuta margem de manobra, Estados, empresas e famílias, vêem-se obrigados a ser muito rigorosos e decididos nas apostas a levar a cabo. É vital ter uma noção clara dos diferentes planos de tempo onde actuam estas escolhas: destrinçar aquelas próximas, de curto prazo, das mais estratégicas dirigidas a um tempo mais dilatado. Muito perigosa é a mistura das estações. Ceder à pressão do dia-a-dia e à urgência de interesses imediatos, hipotecando o futuro, não sendo capaz de dinamizar diligentemente as acções – mais críticas – de longo prazo.
Do Estado espera-se drástico emagrecimento e séria aposta na reestruturação das principais referências da economia; das empresas, afastando-se da subsídio-dependência, que tenham resiliência e audácia, ousando uma criatividade diferenciadora; das famílias que substituam os apelos de consumo por maior planeamento do futuro. A todos é prescrita visão mais lata, menos facilitadora e menos egoísta.
Publicado no jornal "METRO" em 18-Jan-2010

domingo, 17 de janeiro de 2010

Não basta parecê-lo. É preciso sê-lo.

À medida que as pessoas vão incrementando a compra de produtos e serviços on-line, é muito provável que se questionem cada vez mais se aquilo que é percepcionado é garantido. Actualmente, antes de comprarem on-line, ainda querem ser tranquilizadas por alguém que conhecem, como um pai, um amigo ou colega de trabalho. O rating atribuído a um fornecedor, garantindo que é trustworthy, será determinante no incentivo e incremento das compras on-line.

PuraMente #38 - Drive

Nome : Drive: The Surprising Truth About What Motivates Us

Autor: Daniel Pink

Data Original: Dezembro 2009

Frase: "A ciência é apenas uma das formas de compreender o mundo – Boa sorte na era da Arte e da Emoção"

Keywords: Motivação; Maslow; Motivação 3.0; Comportamento; Recursos Humanos; Eficácia

Apreciação: ****

Depois do sucesso da “Nova Inteligência”, uma obra que constituiu um relevante milestone na explicação sobre as competências da área direita e esquerda do cérebro, Daniel Pink surge agora com Drive – A Verdade Surpreendente sobre o que nos motiva, publicado originalmente na última semana de 2009. É raro - muito raro – assistir-se a um autor que a um grande sucesso surpreenda rapidamente com outra obra relevante e que não seja uma repetição maquilhada da anterior.

Drive é uma obra sobre motivação. Pink divide os estágios de motivação em 3 gerações, que caracteriza com exemplos interessantes: a Motivação 1.0, que funciona como um sistema operativo e que se regula por fazer cumprir os objectivos mínimos da humanidade, como comida, roupa, reprodução – a base da pirâmide de Maslow, repetida variadas vezes neste livro; a Motivação 2.0, caracterizada com base na cenoura : prémio por resultado ou castigo por não obtenção dos objectivos - funciona bem em geral, mas não é suficiente em muitas situações; A Motivação 3.0 pretende superar algumas lacunas da segunda geração, como o enfoque no curto prazo ou o comportamento menos ético.

Pink divide a motivação em dois tipos – tipo I e tipo X – representando as motivações intrínsecas e extrínsecas das pessoas. As primeiras estão menos expostas a prémios e aceleradores externos, e mais a valores e vontades próprias, ao gozo e ao prazer. As segundas possuem três elementos principais: autonomia, controlo e propósito.

Num mundo cada vez mais competitivo, o conteúdo de Drive – que sustenta a importância das motivações intrínsecas raramente tratadas pelas organizações - ganha relevância e torna-o em mais uma obra de incontornável importância.

Sinais pouco claros

Foto: Luís Ferreira

Num cenário em que a componente mais financeira da crise parece estar controlada – as enérgicas medidas devolvem lentamente a confiança e a estabilidade ao sistema financeiro –, a sustentabilidade da recuperação e a nova ordem mundial revelam outra dimensão do problema, porventura um desafio bem mais exigente e complexo.

São magras as previsões de recuperação da economia mundial para 2010 e ainda menos generosas para os Estados Unidos – cujo modelo de negócio faliu – e a Europa – com graves problemas em gerir défices públicos que treparam para níveis muito acima do desejado. Espera-se rápida e robusta recuperação da economia chinesa, que tem servido de motor ao desenvolvimento global nos últimos anos, e aposta-se no dinamismo dos mercados emergentes.

Porém, ainda que parca, a recuperação das principais economias industriais tem revelado outra debilidade: o novo modelo de desenvolvimento não resolve, como tradicionalmente, o problema do desemprego. Aliás, por paradoxal que possa parecer, pode até agravá-lo. Novos vectores de desenvolvimento valorizam a inovação, a sociedade do conhecimento e o imperativo da sustentabilidade, requerendo uma força de trabalho mais qualificada e versátil mas, seguramente, menos numerosa.

Os países, com ênfase nos europeus, enfrentam um importante teste à sua criatividade: como transitar para um modelo sustentável de desenvolvimento sem provocar uma expressiva destruição de emprego?

Publicado no jornal "Metro" em 15-Jan-2010.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Geração X precisa de ajuda

Apesar de altamente qualificados, esta geração tomou medidas pouco seguras para garantir a sua independência financeira - um problema agravado pela crise. Têm desenvolvido maus hábitos financeiros e estão mal preparados para planear o seu futuro nesta frente, situação agravada pela pouca formação nesta área. Esta geração não está a conseguir alcançar o patamar financeiro dos seus pais e, muitos deles, acabam por viver o dia-a-dia. Vivem momentos críticos, em que o modo de vida é o "chapa ganha chapa gasta".

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Jovens alienados (*)

O maior problema que o mundo desenvolvido atravessa nos dias de hoje é o aumento do desemprego, que continua a crescer. Na Europa e nos Estados Unidos, a taxa de desemprego ronda os 10%, porém, essa média esconde um fenómeno cada vez mais inquietante: o desemprego entre os jovens. Em Espanha, na camada etária compreendida entre os 16 e os 24 anos de idade, cerca de 43% dos jovens estão desempregados! Na Irlanda, no mesmo universo de idades, 27% não tem emprego. Na Grécia, a leitura é sensivelmente idêntica: 25% dos jovens estão sem nada para fazer. E em Portugal, o drama é semelhante. Além disso, se à idade, juntarmos outros elementos como a raça, minorias religiosas e afins conseguem-se detectar divergências ainda maiores. É o caso dos jovens negros na América, entre os quais o desemprego é superior aos 50%! O problema é especialmente delicado, na medida em que, também, é neste mundo ocidental que se concentram os principais desequilíbrios demográficos: demasiados idosos, relativamente poucos jovens e pesadas estruturas de Segurança Social para financiar. Assim, a alienação dos jovens e, em especial, os reduzidos incentivos à sua integração no mercado de emprego constituem erros estratégicos muito graves. A alternativa está na frugalidade do Estado: menos despesa. E, de seguida, menos impostos: reduzir IRS, IRC e Contribuições Sociais. Mais emprego, maiores oportunidades. (*) Publicado no jornal Metro a 8/01/2010

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Money for nothing

Recentemente, o congresso dos Estados Unidos aprovou o financiamento de novas medidas anti-pirataria nos Estados Unidos, num valor total de 30 milhões de dólares. Se no orçamento de estado dos EUA este é um valor irrisório, no contexto de artistas independentes, é astronómico. Esse montante serviria para financiar várias acções, desde uma tour europeia a cerca de 2000 bandas, a exemplo de uma banda que decidiu iniciar uma angariação de fundos com esse propósito, ou financiar em parte um bom número de filmes de orçamento mais modesto.
Pode não ser papel do governo financiar estas "aventuras", mas é questionável se também o é ajudar entidades cujos métodos não diferem muito de um sistema de protecção do tipo "máfia". Esses métodos aparecerão "justificados" nos media, contando histórias sobre o drama das editoras durante o lançamento dos números de 2009 e tentando justificar as quebras de vendas em meia dúzia de "piratas" e não na recessão ou num modelo de negócio falido.
Vale a pena ainda referir mais um escândalo onde os protagonistas voltam a ser os alegados "representantes" dos artistas: No Canadá, a associação fonográfica local foi processada, num valor que pode chegar aos 4 mil milhões de Euros. O motivo? Uso inapropriado de músicas em compilações, utilizadas num formato de "use primeiro, pague depois". E quando chega o "depois" ?
Luís Silva
Crítico Musical

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Um querer de verdade

É normal no início de cada ano avaliarmos o que foi feito, o que ficou por fazer e identificarmos objectivos para o ano que agora nos desafia.
Neste balanço, normalmente damo-nos conta que muito ficou por fazer. Ou porque não estavam reunidas as condições, ou porque não surgiu a oportunidade. Talvez tenha sido por falta de tempo, ou de verbas. Seja porque motivo for, na maior parte das vezes, os objectivos não se cumpriram.
Para se conseguir não basta querer, é preciso querer muito.
Um desses exemplos, é o de uma pequena equipa de voluntários que decidiu ajudar um orfanato no longínquo Uganda. Inicialmente, no Natal de 2006, a ideia era a de enviar brinquedos para as crianças. A partir daí, a ambição foi crescendo e os desafios cada ano maiores. Foram enviadas cabras e coelhos, redes para mosquitos e roupa mas o grande projecto para 2009 era o de construir um poço que proporcionasse água potável ao orfanato, naquele que seria um primeiro passo para a auto sustentabilidade da instituição.
Seja porque motivo for, este grupo conseguiu criar as condições e a oportunidade, encontrou o tempo e as verbas. Seja porque motivo for, um grupo de Portugueses fez com que hoje, no meio de África, corra um poço de água potável para crianças necessitadas.
Numa altura onde se traçam objectivos deixe-me perguntar-lhe:
O que quer para este novo ano?
O que quer de verdade para 2010?