Num cenário em que a componente mais financeira da crise parece estar controlada – as enérgicas medidas devolvem lentamente a confiança e a estabilidade ao sistema financeiro –, a sustentabilidade da recuperação e a nova ordem mundial revelam outra dimensão do problema, porventura um desafio bem mais exigente e complexo.
São magras as previsões de recuperação da economia mundial para 2010 e ainda menos generosas para os Estados Unidos – cujo modelo de negócio faliu – e a Europa – com graves problemas em gerir défices públicos que treparam para níveis muito acima do desejado. Espera-se rápida e robusta recuperação da economia chinesa, que tem servido de motor ao desenvolvimento global nos últimos anos, e aposta-se no dinamismo dos mercados emergentes.
Porém, ainda que parca, a recuperação das principais economias industriais tem revelado outra debilidade: o novo modelo de desenvolvimento não resolve, como tradicionalmente, o problema do desemprego. Aliás, por paradoxal que possa parecer, pode até agravá-lo. Novos vectores de desenvolvimento valorizam a inovação, a sociedade do conhecimento e o imperativo da sustentabilidade, requerendo uma força de trabalho mais qualificada e versátil mas, seguramente, menos numerosa.
Os países, com ênfase nos europeus, enfrentam um importante teste à sua criatividade: como transitar para um modelo sustentável de desenvolvimento sem provocar uma expressiva destruição de emprego?
Publicado no jornal "Metro" em 15-Jan-2010.
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