sexta-feira, 29 de abril de 2011

O Pânico e o Bloqueio



Num dos excelentes artigos do livro "What the Dog Saw", Malcom Gladwell fala de como sucumbimos à pressão, distinguindo entre pânico e bloqueio (panic vs choke). Em pânico, reage-se de forma muito linear, recorrendo a instintos básicos e sofrendo de "estreitamento da percepção". São assim as situações em que há risco iminente de vida: opta-se por soluções instantâneas, normalmente irracionais... e erradas.

Diferente é uma situação de bloqueio. Nessas alturas, o racional predomina de forma exagerada, impedindo-nos de agir com naturalidade, prejudicando a performance. Bons exemplos são a marcação de um penalty decisivo ou uma conversa com alguém que desejamos verdadeiramente impressionar.

Filipe Garcia

Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros

Publicado no jornal Metro em 29 de Abril de 2011

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O exemplo vem de cima

Preparação, trabalho (sem tolerância de ponto), responsabilidade e descrição, tem sido o lema da Troika, evidenciando um código de conduta exemplar.

Não pretendem esconder informação, mas simplesmente dar enfoque ao essencial: Falar com quem interessa, ouvir atentamente, encontrar soluções para os problemas e decidir bem. Só depois tornar público as conclusões, colocando em cima da mesa toda a verdade, doa a quem doer.

Esta atitude é paradigmática do rigor que deveria ser seguido por todos, principalmente por aqueles que nos dirigem e representam, enquanto país.

Um exemplo a seguir para as decisões difíceis que vamos ter pela frente na próxima década.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Sentido de Urgência

Serão os políticos os únicos culpados pelo estado do país? Não são. Os culpados somos nós, os cidadãos, no papel de eternas vítimas, como se Portugal fosse uma ditadura onde o povo não tem expressão.

Falta-nos uma sociedade com cidadania, capacidade de sacrifício e noção de comunidade - no sentido de saber quando é necessário estabelecer uma cruzada conjunta para mudar. Mas mais que tudo, o que falta a este país é sentido de urgência. Foi com esse sentido de urgência que Alemanha e Finlândia saíram de crises muito piores nos anos 40 e 80 respectivamente.

sábado, 23 de abril de 2011

Social Media Killer App

Coolhunters e trendseekers têm discutido como evoluirão os social media e que sustentabilidade têm no futuro. Para mim, está claro que são uma plataforma que veio para ficar e que terão muitas evoluções importantes, em especial na fusão de outras tendências, como geo referenciação e internet móvel. O que matará um dia os social media?

O share of time dos clientes!

O tempo dos clientes é a única coisa que não cresce, não possui a elasticidade desejada. Portanto, quando chegarem alternativas que substituam o contact-joy em termos de captação do interesse deles, os social media têm de se reinventar para não morrer.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Contratos e Apertos de Mão



A leitura de um artigo de Dan Ariely e experiências profissionais recentes reforçaram decisivamente uma ideia latente: é mais importante construir relações de confiança e de compromisso pessoal do que apostar em contratos "à prova de bala".

Os contratos conferem segurança, abrangência e contexto, mas podem também intimidar, limitar e colocar todo o foco do relacionamento na forma em detrimento da substância.

Não me interpretem mal: claro que há utilidade e necessidade de contratos, mas em muitas situações deveríamos, sobretudo, trabalhar a relação.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 15 de Abril de 2011

Misturar Dinheiros



Preocupam-me as notícias que dão conta da utilização do Fundo de Estabilização da Segurança Social para financiar o Estado, através da compra de dívida.

É aceitável que o FESS possa comprar dívida pública, embora o valor em carteira já seja acima de 55% do total. Porém, há dois problemas a ter em conta:
  • Está em causa a independência dos gestores do fundo, que devem perseguir os objectivos do fundo de estabilização e não do Estado.
  • Tão ou mais importante, ao misturar dinheiros e objectivos, corre-se o risco de numa futura intervenção externa o país ser obrigado a utilizar o dinheiro da segurança social para pagar dívidas ao estrangeiro, algo que seria penalizador para todos e arruinaria a estabilidade de um sistema que até agora tem estado equilibrado.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro

Incendiários



A imprensa deve ser totalmente livre, mas os leitores devem ser críticos e cuidadosos.
É surpreendente o frenesim dos media nacionais em torno da crise financeira, incendiando ânimos e desejando que os piores cenários se concretizem; afinal isso seriam mais notícias!
Longe de mim querer ocultar factos ou "dourar a pílula" quando sabemos que a situação é delicada, mas para quê assustar ao chamar de "lixo" o que não é lixo? Porquê arriscar semear o pânico em torno dos bancos e das empresas promovendo comportamentos de desespero?
Por um punhado de audiência sacrifica-se o rigor, a verdade e até o civismo. É pena.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 13 de Abril de 2011

roadmap

"Estamos em 1951. A Alemanha, depois de conduzida por políticos loucos, mas apoiados pelo seu povo, estava dividida, ocupada por potências estrangeiras - e tinha uma enorme dívida soberana para pagar. A reconstrução do país e o seu crescimento económico eram incompatíveis com os encargos do serviço de dívida acumulada, antes e depois da guerra. Começaram então duras negociações - conduzidos pelo lado alemão pelo histórico presidente do Deutsche Bank, Hermann Abs - entre o Governo alemão e representantes dos Governos dos países credores que levaram ao estabelecimento, em 1953, de um acordo de pagamento que, ainda hoje, constitui um excelente estudo de caso de resolução de dívidas soberanas. (...) O acordo adoptou três princípios fundamentais: 1 - Perdão / redução substancial da dívida; 2 - Reescalonamento do prazo da dívida para um prazo longo; 3 - Condicionamento das prestações à capacidade de pagamento do devedor.", Avelino de Jesus, hoje, no Jornal de Negócios, em "Um resgate alemão" (página 37).

Go & Get

Pessoas, famílias, câmaras municipais, governos, empresas, organismos e instituições fazem planos, tácticas e estratégias em linha como os seus objectivos e desejos, tendo em conta limitações e recursos. Não tem mal nenhum. É bom.
É bom, Mas não chega. É preciso agir, realizar, executar. Mas agir não é só tentar, não é só fazer a sua parte e ficar com um bom argumento de defesa caso os demais falhem. É necessário chegar, atingir, concretizar. É vital assegurar um sucesso de execução, independentemente dos obstáculos e restrições.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

LOL & OMG

O mais tradicional de todos os dicionários do mundo – o Oxford English Dictionary – acrescentou à sua lista de palavras as siglas OMG (oh my god) e lol (laughing out louds), uma década e meia depois do inicio massivo da sua utilização, que aconteceu com a explosão chat então celebrizada com as redes irc.

Apesar de tardio, este é o primeiro passo oficial e definitivo de uma nova geração de semântica, uma semântica da geração net, que será a primeira semântica verdadeiramente com origem na multidão das massas, e não num punhado de intelectuais.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O melhor é de graça!



O contexto de crise que se vive em Portugal deverá acentuar-se em 2011, o que levas as famílias a questionarem-se como reagir. Evidentemente, todas as eficiências ou poupanças que se consigam concretizar serão bem vindas, mas é essencial mudar de mentalidade.

Devemos tomar consciência que somos muito mais responsáveis pelo nosso destino do que parece. As nossas opções e comportamentos condicionam o nosso sucesso e felicidade.

Mais importante ainda, será aprender a viver de forma menos consumista e abrangendo todas dimensões da nossa vida: desenvolvimento pessoal, a família, amigos, colegas, o bem estar físico, as paisagens, o Sol. O que nos faça mais felizes... porque as melhores coisas da vida são gratuitas.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 1 de Abril de 2011