sexta-feira, 30 de março de 2012

OPA, só às vezes...



Nos últimos meses aconteceram várias operações de alteração no controlo accionista de empresas cotadas em bolsa, nomeadamente na EDP, REN e BCP.

Aparentemente, outras podem concretizar-se em breve, provavelmente na ZON, GALP e CIMPOR. Em nenhum dos casos as cotações subiram significativamente, até porque as operações não deram origem a uma OPA, como seria de esperar, e pela qual estão a lutar alguns pequenos accionistas da EDP.

Compreende-se que o contexto financeiro actual seja bem mais delicado, mas fica a sensação que as leis de mercado (e o seu espírito) nem sempre merecem a mesma atenção, o que prejudica e afasta os pequenos investidores.

(P.S. - Após a elaboração deste texto dois accionistas da BRISA anunciaram OPA sobre as acções da empresa. Pode discutir-se o preço, mas a atitude está correcta. Notar que, neste caso, os accionistas em questão já detinham o controlo efectivo da BISA)

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros

quinta-feira, 29 de março de 2012

Não há dinheiro!




Muitas empresas viradas para o mercado interno enfrentam reduções de procura, o que não significa a paralisação da actividade. No sector exportador a procura existe, bem como a capacidade de inovar e conquistar mercados.

O problema é que as empresas, mesmo as mais activas, relatam enorme carência de liquidez, que as obriga a atrasar pagamentos, investimentos, contratações e, pior, a reduzir a actividade mesmo quando há procura.

O programa de ajustamento, necessário e virtuoso na generalidade, arrisca-se a falhar porque a liquidez não passa dos bancos para as empresas. É aqui que deve incidir a atenção dos políticos - portugueses e europeus.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 29 de Março de 2012 (pág. 5)

sexta-feira, 23 de março de 2012

Shale Gas



O sucesso da extracção de gás que existe entre as placas de xisto nos Estados Unidos, conhecido por shale gas, está a levar a um interesse global sobre o tema. Desde que o shale gas começou a ter importância nos EUA, em 2008, os preços do gás natural caíram mais de 50%.

Esta semana soube-se que a China vai explorar as suas reservas, que se estimam serem as maiores do mundo, planeando produzir 6.5 mil milhões de metros cúbicos/ano a partir de 2015.

Na Europa, a Polónia está a iniciar a exploração, ainda que as reservas sejam apenas 10% do que se pensava. Em França os projectos estão parados devido a pressões ambientalistas.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 23 de Março de 2012 (pág. 6)

quarta-feira, 21 de março de 2012

Maus Exemplos



Ao ouvir os tempos de antena dos partidos que se associaram à Greve Geral de amanhã, percebe-se que o objectivo da luta é fazer cair o governo, tendo em vista o não pagamento da dívida que Portugal constituiu ao longo de décadas.

Perante a situação actual, estes e outros políticos defendem o incumprimento. O exemplo que se dá o de não honrar compromissos, como se esse fosse um comportamento virtuoso. Com exemplos destes, como esperar que a sociedade, em especial os mais novos, se sintam motivados para o exercício da cidadania?

Honrar compromissos deveria ser incentivado e não o contrário.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 21 de Março de 2012 (pág. 6)

domingo, 18 de março de 2012

Fusão

 
A Internet mudou o comércio, pulverizando as vendas de catálogo e afetando as lojas tradicionais.

Os clientes começaram a optar, transferindo parte das suas compras para sites de comércio electrónico, muitas vezes com melhores preços e logística.

O novo consumidor começa a não distinguir online de offline. Investiga online para comprar offline e testa offline para comprar online. Os retalhistas fazem o mesmo. Os operadores offline montam investem online e os sites de ecommerce compram espaços fisicos para picking. Esta é uma nova era. O tempo em que o online e offline se fundem num mercado único.

sexta-feira, 16 de março de 2012

QR Codes e publicidade



A edição de Março da Harvard Business Review tem 36 anúncios de página inteira, dos quais 33 têm uma referência a um sítio na internet. De destacar que 14 deles, ou 40% incluem um QR Code. Tanto a publicidade como a HBR podem ser consideradas como adoptantes iniciais (“early adopters”) e influenciadores de tendências (“trend setters”).

Os QR Codes são “código de barras” quadrados, nos quais se podem codificar endereços da internet, telefones, localizações, contactos ou SMS, que são lidos por telemóveis e podem ser suporte de comércio electrónico.

A sua utilização está a crescer. Veremos até que ponto se poderá transformar num padrão de comunicação..

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 16 de Março de 2012 (pág. 6)

quinta-feira, 15 de março de 2012

Fazer Acontecer

Tempo houve de diagnósticos; esgotaram-se já argumentos; é momento de agir. A verdade é que vai uma diferença colossal dos que apenas dão palpites aos que fazem acontecer: a ousadia de falhar.

Dêmos atenção aos protagonistas que estão a fazer acontecer a mudança, que semeiam ideias e palmilham novos caminhos pondo, com arte e engenho, projectos em marcha. Audazes e perseverantes empreendem a travessia, não se quedando pelo tradicional queixume.

Seria também útil retirar palco aos profissionais da treta que alvitram soluções sobre demasiados assuntos – pena que não façam acontecer…

Luís Ferreira, Exertus – Consultores

Publicado no jornal METRO de 15-Mar-2012.

sexta-feira, 9 de março de 2012

O país não está morto



Um representante de topo de um banco inglês que opera em Portugal dizia há dias que "o que ainda não fechou é porque está prestes a fechar", referindo-se às empresas. Também há menos de uma semana, a Economist traçava o pior dos cenários para o país, num artigo cheio de erros grosseiros. Está na moda falar mal de Portugal.

Felizmente, o país que tenho oportunidade de observar de perto não está como muitos o descrevem. Sujeitas a restrições, reconheça-se, vejo muitas empresas de sucesso, que inovam e melhoram diariamente.

Portugal não está morto, longe disso.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 9 de Março de 2012

quinta-feira, 1 de março de 2012

Solução líquida



O BCE cedeu mais 530 mil milhões de euros aos bancos, durante três anos. A resposta europeia à crise está a ser monetária.

Até 2010 a reacção dos decisores foi de expansão fiscal (através dos orçamentos governamentais) e expansão monetária clássica (baixando as taxas de juro), mas a situação mudou. Contas públicas e contribuintes não permitem mais gastos, mais impostos e as taxas de juro já são baixas.

O “ímpeto keynesiano” concretiza-se agora através da injecção de dinheiro. A prioridade tem sido salvar o sistema bancário, mas a partir do segundo semestre, senão antes, o crédito concedido à economia deverá aumentar.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 1 de Março de 2012