É minha convicção de que a grande decisão geopolítica que se avizinha é o referendo ao federalismo europeu no espaço da zona euro. Ocorrerá, provavelmente, dentro de poucos anos. Ao contrário de outras tentativas de integração, realizadas noutros tempos da nossa História, a União Europeia, como nós a conhecemos hoje, assenta num conjunto de benefícios e responsabilidades mútuas. É uma espécie de clube privado, onde, até aqui, o principal elo de ligação tem sido o euro.
Ora, tal como um governo que inicia uma nova legislatura, o euro também teve direito ao seu período de graça. Mas esse período de graça acabou. Na ausência de uma união política entre os membros da zona euro, a indisciplina de alguns convidados do clube está finalmente a emergir. Como? Na forma de uma crise das finanças públicas, na Grécia, na Irlanda e, em breve, noutros países, entre os quais Portugal. A opção de sair do euro, diz-se, não é opção. Contudo, nos mercados, como a crise bancária do ano passado evidenciou, um “bluff” mal feito pode custar muito caro. Assim, se nada mudar, e sem espaço para se aumentarem impostos, a despesa pública em alguns países europeus cairá drasticamente. À contestação social que surgir, seguir-se-á a pressão para abandonar o euro; para gáudio da multidão, mas sem benefício para o país. Será, pois, nesse dia que alguém exclamará: votemos pela Europa! E você…como reagirá?
(*) Publicado no jornal METRO a 22 de Janeiro de 2010.
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