quinta-feira, 22 de abril de 2010

Everybody Loves You When You're Dead

Da morte, diz-se duas coisas: tudo perdoa e, no caso dos artistas, valoriza. E para Michael Jackson, essa é a mais pura das verdades. De menino de ouro nos anos 70 e 80 até ao declínio causado pela vida atribulada e excêntrica que o transformou numa das punchlines para anedotas preferidas da América, o falecimento veio reabilitar a imagem muito desgastada do cantor.
Embora a anos-luz dos 100 milhões de Thriller, na semana que se seguiu três dos seus álbuns ocuparam o top de vendas nos Estados Unidos, e o serviço Last.fm, que fornece estatísticas de hábitos de escuta dos seus utilizadores não mente - mais 100 mil ouvintes que na semana anterior. Com mais de meio ano passado desde o seu falecimento, os seus herdeiros assinaram um contrato no valor de 200 milhões de euros - o mais alto de sempre, numa altura que a própria indústria considera de vacas magras. Enquanto o retorno deste investimento por parte da Sony seja quase garantido, os valores nunca seriam tão altos com Jackson - ainda há um ano o Wacko Jacko - ainda vivo.
A morte acabou por ser a redenção do "Rei da Pop". Ninguém mais ousará dizer que vai nu.
Luís Silva
Crítico musical
Públicado no Metro do dia 22 de Abril

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