segunda-feira, 30 de março de 2009

Puramente #11 - O Monge e O Executivo


Nome: O Monge e o Executivo

 

Autor: James C. Hunter

 

Data: 1998 - Editora Sextante (edição consultada)

 

Frase: "O comportamento é uma escolha"

 

Keywords: Liderança; Autoridade vs Poder; Escuta; Praxis; Comportamento;


Apreciação: *** (?)

 


Quando no PuraMente iniciámos a análise de livros de forma sistemática deparámos-nos com uma surpresa: existe uma inesperada abundância de obras sobre liderança, constituindo uma categoria própria nos títulos de Gestão e Estratégia. "O Monge e o Executivo" é o primeiro livro de vários, sobre este tema, que iremos abordar; despertou curiosidade dado o enorme êxito que tem no Brasil, onde existem cursos, seminários e até peças de teatro baseadas no texto de James Hunter.

Durante a leitura fiquei um pouco surpreendido. O sub-título de "O Monge e o Executivo" é "Uma história sobre a essência da liderança", mas o texto é muito menos sobre liderança e mais sobre regras de comportamento, quer com os outros quer connosco próprios. As questões de liderança são abordadas, mas não ocupam o lugar central. O leitor não pode esperar retirar ensinamentos muito elaborados ou disruptivos, mas antes orientações e princípios de comportamento social. Estes últimos não são de todo de menosprezar, mas um leitor mais exigente poderá ficar desiludido com a simplicidade e senso-comum com que lhe são apresentados.

Sem descrever o enredo em demasia, "O Monge e o Executivo" ficciona um homem de negócios outrora bem sucedido que percebe estar a fracassar em todas as dimensões da sua vida. Decide então aceitar o conselho de participar num retiro sobre liderança, que ocorrerá num mosteiro. Segue-se a descrição de diálogos em que os personagens não são mais do que arquétipos, modelos das nossas virtudes e defeitos, e em que se joga com as dúvidas e inquietações do personagem principal. Pelo meio surge um conjunto de citações e adágios, que prejudica o texto ao torná-lo proverbial e a roçar o moralismo.

Mais complicado é recomendar ou não este livro. Para muitos poderá ser apenas um conjunto de importantes banalidades. Já outros terão aqui o espaço para promover uma reflexão interna sobre o rumo que vão seguindo no dia a dia. Como são apenas cerca de 100 páginas, arrisque-se.



filipegarcia@gmail.com
Artigo publicado no Jornal de Negócios em 24 de Março de 2009








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