quarta-feira, 25 de março de 2009

Um bom isco



O crédito à habitação ficou mais caro e difícil, com menos aprovações e avaliações um pouco mais ajustadas à realidade do mercado imobiliário. Há relatos de perdas de caução de reserva e de sinalização de contratos. Os spreads subiram, bem acima de 1% em muitos casos.
 

Sem contar com o “cross selling” de produtos, hoje os bancos perdem dinheiro no crédito à habitação. Recebem dos clientes Euribor + spread e financiam-se mais caro nos mercados monetário e obrigacionista, pelo que a subida apenas mitiga este “gap”.

Há sinais que o preço do crédito ficará ligeiramente mais barato. Já nas aprovações e avaliações o ajustamento será mais lento. Não se espera que os preços das casas – que são a garantia – subam, nem que o excesso de habitações seja corrigido no imediato.


Mas os bancos conhecem bem o efeito “âncora” do crédito à habitação. Há a tendência para o cliente agregar operações e activos na instituição onde está a hipoteca e actualmente até fica reconhecido a quem nele acredita em época de crise. Assim, o crédito à habitação torna-se numa forma barata de conquistar quota e de promover o envolvimento entre banco e cliente.



Filipe Garcia – Economista da IMF
Artigo publicado no Diário Económico em 25 de Março de 2009


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