domingo, 8 de março de 2009

Puramente #8 - Cisne Negro

Nome: O Cisne Negro
Autor: Nassim Taleb
Data (Original): Abril 2007
Frase: "O surpreendente não é a magnitude dos nossos erros de previsão, mas o facto de não termos consciência dos mesmos"
Keywords: Cisne Negro; Platonicidade; Previsão; Narrativa, Assimetria, Não-Conhecimento
Apreciação: ****
Depois de "Fooled by Randomness", Nassim Taleb volta com "O Cisne Negro", uma obra entre o livro de filosofia e o ensaio de gestão contemporânea.
O autor define Cisne Negro como um acontecimento que reúne três atributos: raridade, impacto extremo e previsibilidade retrospectiva (presentes nas Grandes Guerras, no 11/09 ou no crash de 1929) - considerados fundamentais, na medida em que são os "saltos da evolução" (que não se dá com as pequenas mudanças iterativas). Taleb considera que o "mundo civilizado" trabalha segundo a falsa convicção que os seus instrumentos podem medir a incerteza e a previsão é uma ciência. O livro aborda de forma frontal a cegueira face à aleatoriedade, considerado um problema endémico de natureza social.
A lógica bem fundamentada de Taleb torna o que não sabemos mais importante do que sabemos ao ponto de considerar mais relevantes os livros que não lemos do que os que já lemos. É no não conhecimento que existe a probabilidade de ocorrência de um Cisne Negro, o factor que não está no espectro da previsão, abrindo-se assim caminho ao conceito out of the box. O autor – que considera que ler jornais piora o conhecimento do mundo - conclui que o exercício da previsão realizado por analistas económicos não tem valor, porque ignora o imprevisível (Extremistão), onde os milestones ocorrem.
O livro, que tanto dá exemplos de Wall Street como cita Popper, Balzac e Dickens de forma recorrente, merece uma leitura calma e pausada, mas basta uma passagem pelo prólogo para se retirar o main value. Fundamentalmente, tomar consciência do que não se sabe e do risco e condicionamento que esse não-conhecimento pode proporcionar. No fim, fica o receio de que o autor esteja excessivamente certo e a navegação que conhecemos ignore os factores que de forma mais relevante condicionam o futuro. Artigo publicado no Jornal de Negócios, dia 3/3/2009

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