Recordo uma frase atribuída a Almeida Santos: “para os amigos, tudo; aos inimigos, nada; para os outros? Que se cumpra a lei!”.
Nós – iluminados, poderosos e influentes – estamos acima desta maralha, comezinha e pouco inteligente que atrapalha a nossa vocação providencial e pede explicações que nunca entenderiam. Temos o poder; não receamos usá-lo como nos convier. Só assim é que “isto” tem futuro – somos nós que fazemos o país andar!
Eles, opositores, sindicatos, professores, médicos e juristas, economistas que alertam, empresários com voz própria, os que despedem, comentadores que não fazem propaganda e jornalistas que investigam, são todos uns chatos. Não percebem a nossa missão, não veneram os nossos heróicos feitos, conduzem uma campanha negra. Eles não valem nada!
Os Outros, coitados, como sempre pagam a factura. Desempregados e empregados (sobretudo os públicos, que deviam estar gratos), empreendedores que ficam sem rede (e deviam ter mais juízo), contribuintes registados (que esprememos), pais preocupados e filhos de futuro incerto. Existem para que a lei se cumpra!
Redutora e simplista, esta visão “nós/ eles” embarca numa conversa de inimigos a abater e alvos a conquistar.
Com o advento do relacional, onde a sedução, o envolvimento e a partilha são os argumentos, é preciso congregar esforços e unir vontades para dar a volta – apelar a um espírito de missão colectiva não compaginável com um discurso sectário. O “yes, we can” de Obama não é um exemplo por demais evidente?
Com o advento do relacional, onde a sedução, o envolvimento e a partilha são os argumentos, é preciso congregar esforços e unir vontades para dar a volta – apelar a um espírito de missão colectiva não compaginável com um discurso sectário. O “yes, we can” de Obama não é um exemplo por demais evidente?
Publicado no Jornal "Meia-Hora" em 6-Mar-2009.
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