sábado, 28 de novembro de 2009
“Primeiro estranha-se depois entranha-se”
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
O dinheiro sai, mas a dívida fica
A lógica do investimento público como motor de crescimento, proposta por Keynes e formalizada por Hicks, é relativamente intuitiva: o governo gasta, esse dinheiro vai parar aos bolsos das famílias e das empresas, que por sua vez também gastam, gerando produção e consumo. É um fenómeno em cadeia, denominado de efeito multiplicador. Entre outros factores, a eficácia da despesa pública dependerá da disposição dos consumidores em gastar o dinheiro que recebem e do grau de abertura da economia. E é nestes pontos que reside o problema.
Actualmente a confiança é baixa e, por isso, a propensão para consumir é reduzida. Por outro lado, a economia portuguesa é muito aberta e, em períodos de maior rendimento disponível, as famílias e empresas tendem a adquirir bens importados. E o mesmo acontece com muitos dos investimentos públicos em infraestruturas, que recorrem a matérias primas e tecnologia de outros países. Tal facto, além de degradar a balança comercial do país, tem um efeito perverso relativamente aos objectivos imediatos dos gastos públicos em tempos de crise: é que se o dinheiro é aplicado em bens importados, sai do país e vai estimular outras economias que não a portuguesa. Ainda para mais, à nossa custa.
Ou seja, o dinheiro sai do país, mas a dívida pública fica por cá... e a crescer.!
Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no jornal Metro em 25 de Novembro de 2009
terça-feira, 24 de novembro de 2009
PuraMente #35 - Cem Argumentos
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Comemorar a Poupança
domingo, 22 de novembro de 2009
PuraMente #34 - 50 Gurus da Gestão
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Networking Credível
Trata-se de um complexo sistema de relações e créditos, que funciona algoritmicamente de forma semelhante ao searching do Google: quantidade e qualidade de referências cruzadas, ao nível da credibilidade e matching de conteúdos e capacidades.
Em networking, cada pessoa vale aquilo que referencia: as pessoas que aconselha, as empresas que indica. Esta realidade, válida para a vida profissional e para as relações pessoais, nem sempre é apreendida por pessoas e gestores, que ainda misturam interesses pessoais ou amizades com referências que optimizem a eficácia do que é necessário para cada função e momento.
É fundamental compreender que em networking a credibilidade é o mais importante atributo na cadeia de valor e que a qualidade dos referenciados acabará por ser reflectida, a longo prazo, na credibilidade de quem o referencia.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Mentir com números
Uma das primeiras coisas que se aprendem nos cursos de informática é a distinção entre dados e informação, onde estes são dados propriamente tratados. Infelizmente, essa distinção poucas vezes é feita quando o assunto são estudos estatísticos, onde simples dados numéricos são apresentados como factos, sem qualquer contexto ou laço com o mundo real.
domingo, 15 de novembro de 2009
PuraMente #33 - "FREE"
Nome: FREE
Autor: Chris Anderson
Data Original : Julho 2009
Frase: “People are making lots of money charging nothing”
Keywords: Free; Marginal Cost; Freemium; Piracy; Freeconomics; Nonmonetary markets
Apreciação: *****
Depois do êxito de “The Long Tail”, Chris Anderson regressa em grande com “FREE – The Future of a Radical Price”, candidato natural a livro do ano, na esfera dos negócios.
O livro aborda a economia do “grátis” de uma forma inovadora e consistente, explicando como tantos negócios se tendem a fazer em torno de pricings nulos com rentabilidades interessantes.
A obra sistematiza 4 diferentes formatos de gratuito : “direct cross-subsidies”, “three party market”, “freemium” e “nonmonetary markets”. O primeiro modelo é o tradicional (ex: promoção “2 por 1”); no segundo junta-se um terceiro que subsidia totalmente o custo marginal da transacção – um exemplo clássico é a rádio, gratuita a troco de investimentos em publicidade; o terceiro é o modelo mais explorado no livro e consiste em ter a esmagadora maioria dos clientes com um serviço gratuito enquanto uma pequena minoria o paga – portanto uns clientes subsidiam os demais - , com base em limites estabelecidos no serviço gratuito, como limitação de tempo, dimensão, velocidade, abrangência ou tipo de cliente; o quarto representa um mercado não monetário, onde blogs e wikipedia são um bom exemplo – o acesso gratuito deve-se ao facto de milhões de pessoas estarem dispostas a produzir sem incentivo financeiro, sendo compensadas com notoriedade ou reputação.
Free constitui um milestone na nova abordagem aos mercados, com uma sistematização economicamente consistente – a escassez e a abundância suportam a razão em grande parte dos capítulos – e detalhadamente explicitada. O autor não deixa de explorar a diferença entre o físico e o digital (atoms & bits), estudando as diferenças, importantes sobretudo na qualidade do produto e no
custo marginal.
Uma obra absolutamente obrigatória.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
PuraMente #32 - "Green to Gold"
Nome: "Know-How"
Autor: Daniel Esty e Andrew Winston
Data: Outubro 2006 Yale University Press
Frase: "Empresas inteligentes conquistam vantagens competitivas através da gestão estratégica dos desafios ambientais"
Palavras Chave: "Green Wave"; "Eco Advantage"; "Environment lens"; "Natural Capital"
Apreciação: ****
"Green to Gold" está presente em quase todas as listas de leituras recomendadas, sobretudo nos cursos de pós-graduação em gestão ou estratégia. Trata-se, por isso e pelos temas abordados, de um "best seller" quase obrigatório. A capa do livro é muito esclarecedora quanto ao conteúdo: "Como empresas inteligentes utilizam a estratégia ambiental para inovar, criar valor e construir vantagens competitivas". O objectivo dos autores é fazer a ponte entre os mundos da preservação do planeta e da estratégia empresarial, sempre com um tom realista; ou seja, considerando que a moral e os valores são importantes, mas não totalmente imperativos. A orientação e necessidades do negócio têm primazia e por isso a preocupação com o ambiente é estratégica.
Actualmente "Green to Gold" já não é tão inovador como em 2006. Muito mudou desde então e os argumentos de marketing ambiental já são "mainstream". A meu ver, esse facto não retira interesse ao livro, pelo contrário. O número de pessoas que precisa de o ler livro aumentou, já que a interacção entre ambiente e negócio é agora uma realidade e não apenas uma aspiração. Por outro lado, o leitor já pode analisar os conceitos e estratégias propostos de uma forma mais madura e até com conhecimento de causa.
Após uma introdução pertinente, o livro apresenta-se em quatro partes: "Preparando um mundo novo", "A construção de eco-vantagens", "O que fazem as empresas-líder" e "Juntando tudo". Considero que as duas primeiras partes, mais conceptuais, são as mais interessantes e enriquecedoras. O 12º capítulo descreve as ideias e frameworks do livro, sendo escrito como se de um artigo para uma revista de gestão se tratasse.
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado em 8 de Setembro de 2009 no Jornal de Negócios
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Manifesto pelo talento
Publicada no Jornal "METRO" em 11-Nov-09
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
As lições do Pinho, de Pepe e do Padre
Momentos de desespero podem surgir do nada. Quando o jogador Pepe fez um penalty perto do fim do jogo, compreendeu que um golo do Getafe colocava o Real Madrid fora do título. Entrou em desespero, pontapeou o adversário várias vezes e quase agredia o árbitro. Na Assembleia da República, Manuel Pinho faz os célebres "corninhos" à bancada do PCP. Esgotado, física e mentalmente, sentiu-se injustiçado e cansou-se de ouvir as provocações em surdina de Bernardino Soares, um deputado que nunca faz parte da solução. Pepe e Pinho sucumbiram à pressão e perderam a cabeça, felizmente sem uma arma à mão. Pediram desculpas, foram "castigados", mas as consequências não foram realmente graves.
Pensemos agora no médico que matou na semana passada 13 colegas na maior base militar dos EUA no Texas. Ou em Jason Rodriguez que na 5ª feira expressou o seu desepero pela situaçao de desemprego da pior maneira, matando uma pessoa e ferindo outras cinco. O que fez a diferença, pela negativa, nos casos americanos não foi a cultura. O desespero é sempre o mesmo, mas o contexto e o acesso à armas é que podem transformar uma explosão emocional numa tragédia.
Imagine-se, se um dia o padre Fernando Guerra entra na missa revoltado... e de caçadeira!
Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no jornal Metro em 26 de Outubro de 2009