O JN de hoje noticia que a RyanAir desistiu da ideia de criar uma base na cidade do Porto. Supostamente devido à inflexibilidade da ANA que não concedeu à transportadora o desconto de 4 euros por cada passageiro embarcado que esta tentava negociar. Diversas personalidades associadas à região Norte já manifestaram o seu repúdio pela intransigência da nossa querida monopolista ANA.
A RyanAir, como qualquer "low cost", vive destes subsídios ou descontos negociados com as entidades aeroportuárias. Os seus baixos preços, ao contrário da mensagem que tentam passar, não resultam necessariamente da dimensão reduzida das suas tripulações ou da rotação elevada que operam na sua frota de aviões. O seu "business plan" depende da abertura negocial dos poderes regionais das zonas onde estão implantadas. Independentemente da admiração que se possa ter, ou não, pela estratégia, a verdade é que as "low cost" são hoje os principais dinamizadores de certo turismo, em particular, dos famosos "city breaks" - fins de semana alargardos, passados noutras cidades de outros países.
Os números que a RyanAir colocou na mesa das negociações, como objectivo de atraccção turística para a cidade do Porto, eram impressionantes: cerca de 7 milhões de turistas nos próximos anos. Mais de vinte vezes a actual população da cidade e que arregala os olhos de qualquer portuense, ciente de que esse afluxo acrescentaria mais acção ao Porto. Infelizmente, a ANA, como entidade monopolista e sediada na capital de um Portugal cada vez mais assimétrico, não tem a mínima sensibilidade para estes números. Na realidade, está-se nas tintas para isso.