Desde os primórdios dos tempos que um misto de incapacidade e visão estratégica com pura inveja fizeram com que os povos na sua globalidade e os portugueses em particular consideram que quem os gere tem demasiadas compensações e mordomias, exageradas regalias, incompreensíveis salários. Eu acho que estes tiques são da era binária (fascisto-comunista) e representam a mais lamentável mediocridade da nossa sociedade.
Os políticos são mal pagos. Os vencimentos a cada uma das classes políticas, e nomeadamente os de autarcas, deputados, secretários de estado ou ministros são uma lástima. Pronto, refaça-se desse ar de surpresa, que eu farei parágrafo para dar tempo.
Sou talvez o mais insuspeito dos indivíduos nesta matéria. Não fui nem sou político e a probabilidade de o vir a ser é semelhante ao Metro do Porto arrancar com novas extensões em breve... De facto, e exceptuando compensações de outra natureza (Murteira Nabo, Jorge Coelho e outros que assumiram novas funções, tomando partido da sua notoriedade) a carreira política – ou mesmo uma breve passagem por cargos desta natureza – não é atractiva para a nata dos gestores nacionais ou até mesmo para os gestores jovens com elevado potencial. Recebe-se demasiado pouco, face ao mercado. Não é menos, é absurdamente menos, para o correspondente nível de responsabilidade
Aumentar os vencimentos da classe está fora de hipótese, porque tal medida apenas iria tornar a carreira mais apetecível aos demais – os que se permitem nela entrar por outros atributos que não a competência – não se tornando necessariamente atractiva o suficiente para os gestores que saberiam dar outra qualidade à governação – leia-se os que governam e os que fazem aquilo a que absurdamente se chama de oposição, em vez de cooperação.
O que proponho é um quadro de vencimentos mistos : por execução do cargo (como actualmente) e por desempenho/resultados, que seriam por sua vez resultados mensuráveis e atingíveis, e estivessem ligados ao programas eleitorais de cada partido, em ligação com os resultados do país e de cada departamento (ministério, sector, etc). A supervisão seria feita, em última análise, pelo Presidente da Republica – em ligação com a AR.
Esta medida tinha reflexos positivos em todos os quadrantes. A carreira política ficaria mais apetecível aos gestores mais talentosos, ou com melhor “fit” para as funções respectivas. Os bons gestores na política – existentes e novos – seriam devidamente recompensados. O Presidente da República teria um novo poder, não executivo, reequilibrando a balança de importância relativa no desempenho do país. E, mais importante, dava-se ao país um sinal educativo – recompensa por resultados em vez de por posições.
2 comentários:
Seria interessante... Criava-se, de imediato, uma comissão de avaliação de desempenho, relativamente às promessas eleitorais. Uma comissão independente, que sem dúvida, em pouco tempo seria acusada de favorecimento a este ou aquele.
Em pouco tempo teríamos escândalos no SOL de que o primeiro ministro foi recompensado por um penalti que não cometeu, oops, por uma medida eleitoral que não cumpriu. E aí ele dizia "ah, eu prometi 150 mil empregos, só não disse que eram em Portugal...".
Ou coisa parecida.
Concordo em absoluto, mas iria mais longe e gostaria também de ler um artigo que não apreciasse negativamente os salários ditos elevados dos gestores de topo. No fundo, a postura mediocre da nossa sociedade não aplaude a compensação de quem é bom, mas antes promove a acomodação dos mediocres através da desmotivação dos indíviduos de elevado potêncial, dispostos a trabalhar e a desafiar o país a crescer verdadeiramente.
A classe política é uma aplicação directa deste mal que, infelizmente, alastra a toda a sociedade.
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