A crise financeira que afecta bancos, seguradoras e de, um modo geral, quase todos os investidores por esse mundo fora, está ao rubro. A imprensa relata que a estabilidade do sistema financeiro está no fio da navalha. E, de facto, a realidade não anda muito longe disso mesmo.
O Tesouro e a Reserva Federal norte-americana, honra lhes seja feita, estão a fazer de tudo no sentido de evitar que a economia moderna regresse à era medieval. Há uns meses atrás, financiaram a compra do Bear Stearns – o quinto maior banco de investimento em Wall Street – pela JP Morgan. Há duas semanas, nacionalizaram os dois maiores bancos do mercado de hipotecas: a Fannie Mae e o Freddie Mac. E, agora, acabam de nacionalizar a sua maior seguradora: a AIG. Pelo caminho, abriram uma excepção e deixaram que a Lehman Brothers, o quarto maior banco de investimento na América, declarasse falência.
Infelizmente, o Tesouro e a Reserva Federal são também os maiores responsáveis pelo descalabro actual. Primeiro, foram incapazes de adequar a regulação à inovação financeira dos últimos anos e permitiram que títulos transaccionados em mercados não cotados ameaçassem o equilíbrio global. Segundo, passaram anos a abrir a torneira do crédito – na forma de juros baixos e injecções monetárias – em vez de a fecharem, numa extraordinária conivência com os interesses instalados de Wall Street. Agora, em desespero, tentam remediar da melhor maneira possível.
Na prática, esta crise financeira evidencia a incapacidade auto reguladora do liberalismo económico. E, em certo sentido, representa a falência deste modelo.
Artigo publicado no jornal “Meia Hora” a 19/09/2008
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