segunda-feira, 1 de setembro de 2008

4 vezes 3 degraus

O hotel abraçava serenamente as águas do Índico. As espreguiçadeiras, cuidadosamente alinhadas, esticavam-se sob o sol ameno quase até à praia. Apenas um murete separava o verde da relva que envolvia a piscina e o amarelo suave dos grãos de areia. Três singelos degraus de madeira ajudavam a transposição entre os dois espaços. Deste lado, o olhar atento e sempre uniformizado dos homens do “Beach Club”. Do outro, com os pés na areia e sob a carinhosa sombra de imponentes palmeiras, um barzinho de madeira servia mais simpatia e alguma dedicação. De um lado, uma cadeia internacional com uma oferta estudada, bem adequada e cuidadosamente parametrizada; do outro, uma dedicada empreendedora e um jovem trabalhador davam conta do recado. Com um calor exigente, a hidratação constituía-se tarefa importante. Para além de uma água de coco ou uma cerveja ao pôr-do-sol, beber água engarrafada é altamente recomendável. A "mesma" garrafa era valorizada a 80 baht, do lado global, e a 20 no mercado (evidentemente) local. Quatro vezes mais, portanto. Uma simples garrafa com meio litro de precioso líquido. Perceber as diferenças entre estes dois valores, implica perceber uma boa parte da nova ordem económica global. Olhar aquele murete não só como elemento estético, mas perceber a sua funcionalidade – o seu factor conversor da distância entre dois espaços. Este cenário idílico fez-me pensar nalguns dos actuais desafios que o Mundo enfrenta. E nestes grãos de areia poderemos procurar algumas das resposta que precisamos. Ou não?

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