Tive nestas férias de Verão oportunidade para ler alguns romances de autores de veia jornalística nacionais : Miguel Sousa Tavares (“Equador” e “Rio da Flores”) e José Rodrigues dos Santos (Sétimo Selo). Fiquei surpreendido. O que aprendi com estes livros (no primeiro caso em história e no segundo em ciências) superou claramente as minhas expectativas - assentes em leitura por puro lazer e entretenimento – nomeadamente em matéria relacionada com a política colonial portuguesa.
O momento foi apropriado, dado que a política colonial que parece estar de volta, não com Portugal colonizador, mas antes colonizado. Não, não me preocupam as investidas nórdicas no retalho ou espanholas na banca, nem as aquisições de fundos americanos ou asiáticos. Não me preocupa ver o mercado livre a funcionar, seguro que isso resultará em mais competitividade e portanto maior evolução, que se espera ver depois transformada em qualidade de vida. Preocupa-me quando são outros Estados a adquirir posições importantes (de dominância mesmo) nas maiores empresas portuguesas. Tudo com a complacência simpática do Escravo, digo Estado Português.
As posições que o Estado Angolano – através da Sonangol – detêm na GALP e no BCP, a par com os interesses na EDP e na Brisa, são perigosos. Perigosos porque são aquisições estratégico-politicas por uma nação onde as regras de concorrência livre não são respeitadas e s empresas nacnais são pressionadas, quando não perseguidas. Talvez Portugal precise hoje mais de Angola do que o contrário, mas há limites para qualquer cedência negocial. E permitir o saque das maiores empresas por um Estado – para mais um destes – não é tolerável.
3 comentários:
Pedro,
Não poderia ter feito uma melhor seleção em relação à sua leitura de verão.
E relativamente à sua preocupação, penso que é mais do que razoável, aliás, todos os portugueses deveriam sentir-se incomodados com a complacência do estado português em colocar-se "nas mãos" de um dos paises mais corruptos do mundo (http://www.transparency.org/news_room/in_focus/2006/cpi_2006__1/cpi_table). É lamentável! E mais lamentável é os governantes de um país tão rico não se aperceberem que Angola só se desenvolverá se investirem na sua população. Na minha opinião Angola continuará, a longo prazo, a não passar de um pais imensamente pobre, apesar de tanta riqueza...
Preocupante, sem dúvida.
Ainda há quem diga que isto não é "realpolitik"... e confunda com diplomacia económica.
Abraço.
"Fiquei surpreendido. O que aprendi com estes livros (no primeiro caso em história..."
Há quem não concorde, parece que muitos dados foram alterados a bem do romance.
Acoral
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