quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Acreditar
Percepção
Sem prejuízo do sucedido em anos anteriores, percebeu-se que o Governo Regional continuou a gastar, desviando fundos e sonegando informação, mesmo quando o país já apresentava sinais de grande debilidade financeira. Os portugueses sentem-se enganados e abusados.
Mas, simultaneamente, há muitas criticas à forma como a opinião pública dos países do norte e centro da Europa tratam os países do Sul, precisamente nas questões relacionadas com o sobreendividamento e informação escondida.
É uma questão de percepção...
Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 22 de Setembro de 2011
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
O Processo
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Jogo da corda
Os Bancos tem um único objectivo até final do ano, e anos seguintes, até 2013: Diminuir a carteira de crédito e aumentar os recursos de balanço, ou seja, controlar o GAP de liquidez.
Esta estratégia está em linha com a desalavancagem prevista no programa da Troika e portanto será uma inevitabilidade.
As empresas e os particulares estão também a fazer a sua desalavancagem, reduzindo e pedindo menos crédito. Quem não o estiver a fazer, já pode ter colocado em causa a viabilidade da sua própria empresa ou a solvência pessoal enquanto particular.
O Governador do Banco de Portugal veio hoje afirmar, que os Bancos deveriam utilizar as ajudas previstas no acordo da Troika para continuar a apoiar a economia real. Isso implicaria uma entrada do Estado no capital da banca e, sinceramente, não me parece que isso vá acontecer de forma generalizada. O que a banca efectivamente pretende é receber o que o Estado lhe deve, ganhando liquidez e financiar a economia.
Parece haver um efectivo desencontro de interesses nesta matéria, e um bom exemplo é o acordo que tarda a acontecer sobre a alteração contratual anunciada nas linhas PME Invest que estão em curso, e que implica uma moratória no reembolso do capital aos bancos por mais um ano.
Partindo a corda, a "coisa" pode melhorar.
Falta de Seriedade
Para cúmulo, os supervisores vêm agora dizer que a responsabilidade é de quem enganou, e não de quem foi enganado. Sejamos sérios, todos. É evidente que a culpa foi dos governantes da Madeira ( e sobretudo dos eleitores, que os elegeram já consecientes dos tipos de políticas que praticam), mas é para isso que existem supervisores pagos por todos. Se não cumprem, são culpados também. Tão simples como isso. O mercado puro é um blogue, não é um axioma.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Auto estima
A forma ténue como recentemente destacamos nos media os elogios do FMI, sobre os resultados positivos alcançados no nosso caminho da execução orçamental, revelam muito pouco auto estima por aquilo que estamos a fazer bem e num ambiente de grande adversidade.
A prova, foi retirada pela forma exacerbada como destacamos as recentes notícias do “buraco” da Madeira, abafando por completo as notícias positivas que simultaneamente estavam a ser produzidas pelo FMI e UE.
Este é um mal geral e que só se altera através de uma mudança de mentalidades, as quais, são talvez as mais resistentes à mudança.
Livres
Já muita tinta foi consumida a escrever sobre os horários de funcionamento do comércio. A polémica entre os que defendem uma visão mais próxima dos consumidores – procurando a compatibilização de horários de acordo com os desejos e necessidades destes – e os que consideram que esse principio está errado – os horários devem ser marcados segundo a agenda de quem vende e não de quem compra – é antiga e não existe consenso. Os exemplos internacionais são de tal forma diversificados que também não marcam a pauta neste tema.
Os mercados abertos e de livre concorrência geram melhores resultados para todos. Para os clientes, que têm acesso a melhores preços, a mais variedade de oferta e quase sempre a melhor atendimento e serviço. Para as empresas de distribuição, porque mantém princípios de boa gestão e altos níveis de competitividade (o erro paga-se caro e tem de ser evitado ou corrigido rapidamente), preparando-se assim para se defenderem de potenciais concorrentes enquanto adquirem competências para outros mercados.
Em livre concorrência é o equilíbrio entre a oferta e a procura que define o mercado, mas tendencialmente existe mais oferta que procura, pelo que acabam por ser os consumidores a tomar – cada vez mais – as decisões relevantes. Neste contexto, parece evidente quem pode e deve marcar quais os horários em que quer fazer as suas compras, sobretudo quando o concorrente digital está aberto 24H.
Com honrosas excepções que merecem aprofundado estudo, as regulações e limitações impostas por reguladores, leis, governos nacionais ou regionais, apenas acarretam maior assimetria entre oferta e procura, com óbvias perdas de produtividade e competitividade. As limitações de horários que continuam a existir nos mercados constituem cedências que não acarretam valor a uns nem a outros, mesmo que com decrescente relevância.
De facto, que sentido faz hoje não ser possível vender produtos de noite onde o ruído não é problema? Porque é que só se podem vender fraldas, revistas ou manteiga em postos de abastecimento depois da meia noite? Porque é que um bar não pode servir refeições toda a noite, mas as roulottes de duvidosa higiene obtêm licenças para tal? Até onde nos levam estes proteccionismos? Nem sequer aprofundo a questão dos fármacos, porque esses merecem um artigo para si só, tal é a gravidade da situação.
Como disse um dia o falecido Ernâni Lopes, existem muitas e fortes razões para liberalizar até ao limite o funcionamento do comércio, mas a principal é a competitividade e a produtividade do mercado. Não é esta a questão do momento?
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Patinagem Artística
O novo ministro das finanças trouxe para o palco mediático nacional uma forma diferente de comunicar.
As suas intervenções são pausadas, ponderadas, estruturadas e é agradável verificar uma clara demarcação de face ao tom populista e espampanante que costuma caracterizar o discurso político em Portugal.
Mas, analisando mais o conteúdo do que a forma, verifica-se que Vítor Gaspar permanece titubeante, nomeadamente pela recorrente dificuldade de apresentar os "cortes sem precedentes na despesa pública".
Parece ser um caso de boa nota artística, mas com nota técnica bastante comprometedora.
Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 16 de Setembro de 2011
Muita táctica pouca estratégia
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Mercado Paralelo
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Quem Paga a Crise?
A componente da crise a ser resolvida com o aumento das receitas do Estado tem duas vias, os impostos sobre o Capital/Património e os impostos sobre o Trabalho.
Ambos os lados da receita terão de dar o seu contributo, com uma percentagem que dependerá das opções políticas. Ultimamente tem-se enfatizado os argumentos para evitar a tributação do Capital afim de evitar a fuga de divisas mas, de igual modo, pode existir fuga de Trabalho, facto mais prejudicial ao País pois perdemos especialização e talento.
Outros Países já compreenderam esta realidade pedindo esforços doseados em conformidade, como será em Portugal?
António Jorge
Marketeer e Docente Universitário
domingo, 11 de setembro de 2011
Um Exemplo que vem do Norte
Consumo no Natal
sábado, 10 de setembro de 2011
Troikisses
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Governo de Gestão
Quase em uníssono, pede-se aos novos intervenientes que sejam capazes de desenhar “estratégias de longo prazo para o país” e que “iniciem reformas de fundo”.
Não será pretensão a mais? Não se arrisca, dessa forma, que cada governo e cada ministro queriam tentar fazer um país novo, à sua medida, a cada quatro anos? E fique tudo sempre a “meio caminho”, se tanto?
Talvez fosse preferível que o governo estivesse orientado para a boa gestão da coisa pública e a única opção estratégica fosse decidir onde o Estado deve ou não estar.
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 2 de Setembro de 2011
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Regresso às Origens
Portugal hesita entre o que já foi e o que há-de ser. Talvez, como escreve J. Gil, tenha medo de existir. Porém, um lado positivo da “crise” é obrigar-nos a fazer escolhas – criteriosas, selectivas e rápidas.
Convicto que poderemos ser o que quisermos mas não tudo o que queremos, a nossa economia deve reencontrar áreas de valor distintivas e aí concentrar esforços. O mar, a floresta ou o sol serão os recursos mais preciosos? Então construamos inteligentemente redes de competitividade e inovação viradas para fora e o futuro. Dispersar recursos mantém a clientela feliz, mas hipoteca o amanhã.
Luís Ferreira, Exertus – Consultores
Publicado no Jornal Metro em 1-Set-2011