domingo, 28 de fevereiro de 2010

Projectar Portugal

“Made in Portugal” é vital para vencer no exterior: ao distinguir a nossa marca associamos os atributos que queremos ver reconhecidos.
Dispendiosas tentativas têm sido feitas. Sobre resultados falarão os que regularmente contactam estrangeiros e sucessivamente têm que explicar quem somos e do que somos capazes.
Poderia resolver um filme de produção mundial que, através dos feitos de Quinhentos, mostrasse a notável estratégia de expansão portuguesa, apoiada em inovador processo de I&D. Clarificaríamos a nossa curiosa ligação à Economia do Conhecimento.
Publicado no jornal "METRO".

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ética Duvidosa

Na lei e na ética, a publicidade deve ser realizada no espaço destinado a anúncios, perceptível aos consumidores de forma transparente. No entanto, o espectro radiofónico está infestado de publicidade encapotada, realizada fora do espaço dos tradicionais spots. Aos locutores é pedido para falarem sobre produtos, serviços e marcas de forma supostamente natural, como se fosse uma recomendação pessoal, quebrando toda a lógica que separa edição de publicidade.
Uma vergonha sem controle, que torna as emissoras menos credíveis e de uma ética duvidosa.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Um Modelo de Negócio Saboroso

A capacidade das empresas inverterem ortodoxias da indústria, traduz-se muitas vezes em inovação ao nível do modelo de negócio.
Muitos exemplos são prova disso, mas o mais referido é o lançamento de empresas de aviação low-cost que revolucionaram a indústria.
No entanto, numa altura em que a economia mundialmente se retrai, vemos em Portugal uma empresa que, apostando na qualidade e quebrando as ortodoxias da fast-food, lançou o conceito de hambúrger gourmet.
Os resultados são claros: uma enorme aceitação do consumidor e um hambúrger excepcional!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

G Generation

Eis-nos perante uma nova Geração, que vem substituir a Geração Y ou geração tecnológica. Esta é a Geração G, aquela em que a Ganância dá lugar à Generosidade e que acredita na partilha e dádiva enquanto forças motrizes de uma nova sociedade. Reconhecemos a Geração G pela sua participação em Causas, para as quais doam dinheiro e mobilizam amigos; revêmo-la na adesão a serviços em cuja produção participam e que pagam ao preço que consideram justo... . À primeira vista uma ameaça para o Marketing, esta geração constitui-se como uma nova oportunidade para as empresas que assumem os mesmos princípios.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A lógica dos spreads



Após a crise financeira mundial, os bancos foram obrigados a rever a sua análise de risco e a ajustar os spreads a aplicar aos seus clientes. Na verdade, tratou-se um ajustamento no sentido do “bom senso”, dados os muitos casos de particulares e empresas com condições de financiamento que tinham tanto de favoráveis como de injustas e irracionais. Aliás, esse foi um dos factores que provocou a crise [mundial].

Dada a preocupação com a Grécia e eventual contágio a Portugal, o risco país aumentou, arrastando a generalidade das instituições nacionais. As condições de financiamento dos bancos nacionais deterioraram-se, sobretudo em termos relativos. Se o rating da República for novamente revisto em baixa, o efeito no modelo de negócio dos bancos será ainda mais forte e terá repercussões nos clientes.

É neste contexto que devem ser lidos as subidas nos preçários da banca. Com rácios de capital mais exigentes, o malparado a crescer e com custos de financiamento relativamente mais elevados, os spreads, em média, só podem subir.

A baixa nos spreads implícitos nos créditos de taxa fixa parece ser apenas uma convergência de preços, mas que efectivamente poderá captar mais clientes para essa modalidade.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no Diário Económico em 18 de Fevereiro de 2010 (pág. 37)


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Novas Oportunidades Sem Falsas Promessas









Nem todos nascem num berço que lhes permita perfazer o 12º ano.

Neste âmbito, o programa “Novas Oportunidades” tem méritos, permitindo a muitos conseguir de uma forma mais rápida a equivalência ao 12º ano.

Sucede que temos em Portugal uma obsessão de “embelezar” a estatística para ficar bem “na fotografia” dos índices de educação. Há que equilibrar esta ânsia com um mínimo grau de exigência e qualidade, sob pena de estarmos a fabricar falsos sonhos.

Miguel Braga
Sócio Gerente, Rule of Thumb Ltd


terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A Grécia também dá prejuízo


"The council of EU finance ministers said Athens must comply with austerity demands by March 16 or lose control over its own tax and spend policies altogether. It if fails to do so, the EU will itself impose cuts under the draconian Article 126.9 of the Lisbon Treaty in what would amount to economic suzerainty.

While the symbolic move to suspend Greece of its voting rights at one meeting makes no practical difference, it marks a constitutional watershed and represents a crushing loss of sovereignty" (texto integral aqui)

Ao ler esta notícia é impossível não pensar em Portugal e em algo que se escreveu no "Mercado Puro" há uns meses, bem antes da "crise dos défices" - Portugal dá Prejuízo.





sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Buzz sem privacidade

Utilizador do Google desde a sua fase embrionária e com Gmail há uma longa década (!!), tenho o perfil ideal para testar e gostar do novo Google Buzz. A verdade é que, dois dias depois, tenho dificuldade em compreender este lançamento.
Desde logo, o nome. Se a Yahoo lançou há dois anos o Buzz, porque raio vai a Google lançar o mesmo nome, quando tinha o Wave registado e já com pré-awareness? Incompreensível e triste!
Depois, esperava um produto completo e intuitivo. Fácil de usar é, mas não se percebe bem onde está o valor acrescentado e ao fim de um bocado percebe-se que para um uso intensivo não parece ser um produto maduro, muito longe do pseudorival Facebook.
Mas realmente grave - e indesculpável - é a falta de privacidade aguda. A Google decidiu colocar vários users em auto-following (um verbo inventado pelo tb rival Twitter), e o modo standard como "public", por defeito. Ou seja, logo para começar, as pessoas tem acesso a saber quem são as pessoas com quem cada uma das outras supostamente mais se relaciona via Gmail. É grave e procupante, e deve ser corrigido imediatamente.
Claro que a Google lançou este produto sem estar maduro, ao contrário do que fez com o próprio Google e com o Gmail (4 anos em beta test, na altura em que já era bem melhor do que o Hotmail). As razões são simples: o Facebook está a captar quase um milhão de novos clientes por dia e o mercado de publicidade que a Google domina depende de tráfego. Como o facebook tem um número de pageviews muitissimo superior a qualquer site Google - incluindo o Youtube - pela qualidade de visulizações que os seus users fazem, a Google não pode perder tempo e lançou-se como pode.
Claro que o Buzz irá criar o seu espaço - desde logo porque vai captar parte importante do tráfego Twitter, mesmo que ainda esteja a permitir a importação de posts de lá, mas sobretudo porque tem na integração de videos e chat uma vantagem gigante sob o Facebook, que nao está optimizado para videos e tem um chat desastroso. por outro lado, está numa fase de mudanças com falhas constantes e crashes que nao ajudam. Já a Google tem um produto de chat aceitável - longe da qualidade do MSN e do Skype, mas ainda assim aceitável.
Preocupada estará também a eBay, que tanto depende do mercado advertising. As suas apostas no Skype, Paypal, Mobile e demais formatos não têm conseguido transformar tráfego em dinheiro, e existe o risco de uma tendência de concentração no mundo Google/Gmail/Facebook/ Yahoo/Hotmail/Youtube.
A tendência deverá ser a optimização do Share of Time dos users, que tendencialmente pretenderão usar a maior parte do seu tempo online em torno de um motor de busca, um mail/accounter e uma rede social, não usando mais do que três sites de forma realmente intensa. Quem conseguir estar neste core e tiver um bom algoritmo de publicidade (só a Google tem actualmente) será o líder do mercado online nos próximos anos.
Apesar da desilusão, o Buzz - integrado e melhorado - promete.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Orçamento de Estado

O mercado automóvel, importante fonte de receitas fiscais, caiu mais de 24% em 2009.

Para 2010, o Estado tinha uma óptima oportunidade de emendar a política fiscal e dinamizar um sector que emprega cerca de 100.000 profissionais. Mas não, a visão curta continuou a imperar e a eliminação do IVA sobre o ISV – exigida pela União Europeia – será compensada por um aumento de 20% do ISV.

O mercado não vai recuperar, as receitas fiscais vão baixar e as medidas de apoio social vão aumentar. Será que ninguém no Governo sabe projectar contas a médio prazo?
André de Castro Pinheiro

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Pink Gaga



Lady Gaga é o fenómeno pop do momento. Para além dos recursos artísticos convencionais, Gaga inova e provoca constantemente, a nível estético, nas performances e atitudes. Nos últimos Grammy, o dueto inesperado com Elton John estava destinado a ser o momento alto da noite.

Mas não foi. Pink, artista relevante, mas de menor dimensão, surpreendeu com um número ao estilo “Cirque de Soleil” e ofuscou o brilho de Gaga.

Os Grammy mostraram o que um terreno competitivo pode produzir: Performances disruptivas, inovadoras, de qualidade superior e, literalmente, sem rede..


Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no jornal Metro em 4 de Fevereiro de 2009





domingo, 7 de fevereiro de 2010

A tecnologia ao serviço da verdade

As escutas telefónicas e a filmagem de movimentos têm sido um instrumento fundamental para a investigação criminal e para a protecção dos cidadãos em geral. A devassa da nossa vida privada é um mal menor e é um caminho que não tem retorno nas sociedades modernas. Os efeitos colaterais que às vezes provocam são uma migalha ao lado das vantagens inerentes ao conhecimento da verdade dos factos. O crescente uso das tecnologias na defesa dos cidadãos é um activo que as leis têm que preservar.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Porto Prejudicado

As estatísticas mostram que o Grande Porto tem sido prejudicado na alocação de investimento público, o que aumenta as assimetrias.
Os novos recuos governamentais têm o centro de massa no Metro do Porto e na ligação TGV Porto-Vigo, enquanto o Aeroporto de Lisboa continua a ser a prioridade. Noutros tempos, existiriam receios eleitorais, mas o Porto foi estrategicamente posicionado como pólo separatista, de forma a descredibilizar qualquer protesto. E assim se perde a competitividade e o emprego.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Advogados da Apple

O principal activo da Apple já não é a genialidade de Steve Jobs , a simplicidade dos sistemas ou a unicidade do seu design, mas a defesa que os seus fiéis consumidores fazem da marca.

O lançamento do iPad foi mais um exemplo de fogo de artificio que a Apple, com ajuda de clientes e de uns media rendidos, conseguiu realizar, sem investimentos publicitários.

Os clientes da Apple são autênticos advogados da marca, defendendo-a genuína e apaixonadamente, o que tem mais valor do que qualquer anúncio.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Os pecados da Igreja



A influência cada vez menor da Igreja Católica na sociedade portuguesa ficou bem patente na discussão sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Não que a Igreja pudesse impedir a nova lei, mas talvez se esperasse maior receptividade à sua mensagem, até em círculos mais oficiais.

É certo que a tradição cristã ainda persiste e que os pais continuam a enviar os filhos para a Catequese, mais por entenderem como bons os valores do cristianismo do que pela vontade de verem os filhos seguirem a doutrina católica.

A Igreja estará a pagar pelos seus pecados, atitudes com que se afastou, talvez de forma definitiva, de uma sociedade mais moderna e informada.


Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no jornal Metro em 2 de Fevereiro de 2009

(nova série de artigos com 600 caracteres aprox.)

O Valor está nas Marcas

As marcas são uma garantia e uma referência social. Hoje olha-se muitas vezes o Outro à luz da frase: “diz-me que marcas usas, dir-te-ei quem és”; o que faz da marca o elemento central da criação de valor nas empresas. O problema é que os empresários portugueses investem muito na base do provérbio popular “ver para crer”, ou seja investem no que vêem e tocam, e consideram a marca apenas como o produto e rótulo, sendo incapazes de perceber que o verdadeiro valor desta está no que pensam os consumidores. António Jorge Marketeer Publicado no Jornal Metro a 1Fev10