quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A lógica dos spreads



Após a crise financeira mundial, os bancos foram obrigados a rever a sua análise de risco e a ajustar os spreads a aplicar aos seus clientes. Na verdade, tratou-se um ajustamento no sentido do “bom senso”, dados os muitos casos de particulares e empresas com condições de financiamento que tinham tanto de favoráveis como de injustas e irracionais. Aliás, esse foi um dos factores que provocou a crise [mundial].

Dada a preocupação com a Grécia e eventual contágio a Portugal, o risco país aumentou, arrastando a generalidade das instituições nacionais. As condições de financiamento dos bancos nacionais deterioraram-se, sobretudo em termos relativos. Se o rating da República for novamente revisto em baixa, o efeito no modelo de negócio dos bancos será ainda mais forte e terá repercussões nos clientes.

É neste contexto que devem ser lidos as subidas nos preçários da banca. Com rácios de capital mais exigentes, o malparado a crescer e com custos de financiamento relativamente mais elevados, os spreads, em média, só podem subir.

A baixa nos spreads implícitos nos créditos de taxa fixa parece ser apenas uma convergência de preços, mas que efectivamente poderá captar mais clientes para essa modalidade.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no Diário Económico em 18 de Fevereiro de 2010 (pág. 37)


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