sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Buzz sem privacidade

Utilizador do Google desde a sua fase embrionária e com Gmail há uma longa década (!!), tenho o perfil ideal para testar e gostar do novo Google Buzz. A verdade é que, dois dias depois, tenho dificuldade em compreender este lançamento.
Desde logo, o nome. Se a Yahoo lançou há dois anos o Buzz, porque raio vai a Google lançar o mesmo nome, quando tinha o Wave registado e já com pré-awareness? Incompreensível e triste!
Depois, esperava um produto completo e intuitivo. Fácil de usar é, mas não se percebe bem onde está o valor acrescentado e ao fim de um bocado percebe-se que para um uso intensivo não parece ser um produto maduro, muito longe do pseudorival Facebook.
Mas realmente grave - e indesculpável - é a falta de privacidade aguda. A Google decidiu colocar vários users em auto-following (um verbo inventado pelo tb rival Twitter), e o modo standard como "public", por defeito. Ou seja, logo para começar, as pessoas tem acesso a saber quem são as pessoas com quem cada uma das outras supostamente mais se relaciona via Gmail. É grave e procupante, e deve ser corrigido imediatamente.
Claro que a Google lançou este produto sem estar maduro, ao contrário do que fez com o próprio Google e com o Gmail (4 anos em beta test, na altura em que já era bem melhor do que o Hotmail). As razões são simples: o Facebook está a captar quase um milhão de novos clientes por dia e o mercado de publicidade que a Google domina depende de tráfego. Como o facebook tem um número de pageviews muitissimo superior a qualquer site Google - incluindo o Youtube - pela qualidade de visulizações que os seus users fazem, a Google não pode perder tempo e lançou-se como pode.
Claro que o Buzz irá criar o seu espaço - desde logo porque vai captar parte importante do tráfego Twitter, mesmo que ainda esteja a permitir a importação de posts de lá, mas sobretudo porque tem na integração de videos e chat uma vantagem gigante sob o Facebook, que nao está optimizado para videos e tem um chat desastroso. por outro lado, está numa fase de mudanças com falhas constantes e crashes que nao ajudam. Já a Google tem um produto de chat aceitável - longe da qualidade do MSN e do Skype, mas ainda assim aceitável.
Preocupada estará também a eBay, que tanto depende do mercado advertising. As suas apostas no Skype, Paypal, Mobile e demais formatos não têm conseguido transformar tráfego em dinheiro, e existe o risco de uma tendência de concentração no mundo Google/Gmail/Facebook/ Yahoo/Hotmail/Youtube.
A tendência deverá ser a optimização do Share of Time dos users, que tendencialmente pretenderão usar a maior parte do seu tempo online em torno de um motor de busca, um mail/accounter e uma rede social, não usando mais do que três sites de forma realmente intensa. Quem conseguir estar neste core e tiver um bom algoritmo de publicidade (só a Google tem actualmente) será o líder do mercado online nos próximos anos.
Apesar da desilusão, o Buzz - integrado e melhorado - promete.

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