Setembro é mês de regressos. Enquanto voltamos a povoar os “sítios de sempre”, reencontramos os “amigos do costume”. Ainda que um pouco melancólica, regressar é uma ideia feliz e enraizada em cada um de nós. Quem não gosta voltar ao aconchego do ninho? Ao porto de largada? À cidade de despedida? Em certa medida é certeza do caminho andado; até do dever cumprido.
São conceitos fortes que o marketing apodera: das campanhas de “regresso às aulas” às ajudas para voltar ao trabalho, regressando, também, as modas com as cores e as formas da estação. Neste vai-e-vem construímos expectativas, criando espaço para (novos) consumos.
“Slow down” (abrandar) é uma tendência em franca expansão. O “slow movement” ganha adeptos, explorando maneiras ecologicamente sustentáveis de pensar, viver e interagir na Comunidade Global. São distintas as formas onde se revela: é provável vermos inscrito em menus “slow food”, mas o seu âmbito alarga-se a todo o sistema alimentar (veja-se o renascer das pequenas hortas familiares); surgem “slow books” – pela redescoberta do prazer da leitura – e “slow travels” – viajar fazendo parte da vida local, ligando-nos às gentes e aos sítios; nesta senda, eclodem “slow cities”, burgos onde o espaço e o tempo comuns são fruídos de modo particular – “slow way of life”.
Não se confunda a descontracção das propostas com resignação. Pelo contrário, exigem maior identificação connosco e com o meio que nos rodeia, regressando ao conceito de sustentabilidade. Esta “filosofia de vida” surge em reacção à compressão que a globalização vem forçando no tempo e no espaço. Um Mundo integrado e plural tem estes paradoxos.
Publicado no Jornal "Metro" em 3-Set-2009
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