Está instalada mundialmente a tendência de os governos serem mais influentes. É verdade que o grau de intervencionismo estatal tem um carácter cíclico, mas não é uma boa notícia.
Espera-se de um Estado moderno a garantia da segurança (nas suas várias dimensões), da justiça e da educação. As últimas décadas, sobretudo a partir dos anos 80, caracterizaram-se por uma desregulamentação e liberalização, com o Estado a centrar-se nas áreas em que não podia, efectivamente, ser substituído. Como consequência, viveu-se até ao início deste século um período de progresso económico e social sem precedentes, em que cada indivíduo passou a ter mais oportunidades para concretizar e desenvolver o seu potencial.
Uma série de eventos, como o 11 de Setembro e a actual crise económica, têm levado os cidadãos a admitir e até a exigir maior intervenção do Estado. Os políticos, que sabem que "Poder gera Poder", aproveitam para ganhar terreno. Definem cada vez mais regras e limites e até decidem caminhos de evolução tecnológica, algo que deveria pertencer à sociedade civil. A recente opção a nível mundial de apoio aos automóveis híbridos, sem grandes discussões sobre qual a melhor solução, é um exemplo dessa influência.
A História dos últimos 250 anos diz-nos que quando o Estado desempenha funções em excesso na economia e sociedade, o progresso ressente-se. A igualdade de oportunidades para empresas e indivíduos é comprometida quando há decisões meramente políticas e não se avalia a eficiência e o mérito. Por outro lado, Estados mais fortes tendem para o proteccionismo, sentimentos nacionalistas e maior probabilidade de conflitos. Ou seja, é governo a mais.
Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Sem comentários:
Enviar um comentário