quarta-feira, 26 de agosto de 2009

PuraMente #29 - Cultura e Organizações



Nome: "Culturas e Organizações"

 

Autor: Gert Hofstede

 

Data: 1991 (original) - 2003 - Edições Sílabo (edição portuguesa)

 

Frase: "Mesmo após ter sido informado, o observador estrangeiro é susceptível de deplorar certas tendências da outra sociedade"

 

Palavras Chave: Atitudes; Valores; Cultura; Programação Mental; Relativismo Cultural;

 

Apreciação: ****

 

"Culturas e Organizações" é uma obra já razoavelmente conhecida, sobretudo no ambiente das grandes multinacionais. O livro tem como principal objectivo identificar e descrever a diversidade cultural entre os diferentes países. Utilizam-se quatro grandes referenciais segundo os quais cada país é classificado, construindo-se uma matriz cultural nacional que, apesar de simplificada, é sólida e pertinente. As quatro dimensões utilizadas pelo autor, Geert Hofstede são: Distância hierárquica; Individualismo; Masculinidade; Tolerância à incerteza. Posteriormente abre espaço a uma quinta dimensão: A orientação para o longo prazo.

Hofstede publicou o seu primeiro estudo sobre estas matérias em 1980, depois de ter tido acesso a um vasto conjunto de dados sobre os trabalhadores da IBM, uma das multinacionais presentes em mais países naquela época. Analisou estatisticamente esses dados e sistematizou-os, construindo o "corpo" da sua teoria.

O livro começa com um guia de leitura e divide-se depois em quatro partes: Definições conceptuais; Culturas nacionais; As consequências organizacionais; Implicações práticas. Naturalmente, a segunda parte é a mais interessante.

Tal como sucede em muitos dos livros mais recentes, "Culturas e Organizações" é complementado por um sítio na internet (www.geert-hofstede.com) onde se podem visualizar graficamente os resultados de cada país. São também incorporadas actualizações aos estudos. Num outro sítio, www.clearlycultural.com, podem observar-se as diferenças entre os países através de mapas-múndi.

Este é um livro importante para quem lida com ambientes multiculturais, mas igualmente útil na compreensão da nossa própria matriz cultural. Não é um livro "fácil" ou rápido de ler, dado o seu carácter conceptual, nisso podendo aí residir a maior crítica. Porém, o esforço decerto compensará.


Filipe Garcia

Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros

Artigo publicado no Jornal de Negócios em 11 de Agosto de 2009



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