Existirá um elemento comum que permite compreender a descida do rating internacional de Portugal, a falência da maior exportadora nacional e, por exemplo, o número crescente de talento que se vê obrigado a deixar o país? Por razões diversas, o mínimo denominador comum que encontro nestes fenómenos é o facto de vivermos num país adiado.
Um país que, com maiorias ou minorias, à esquerda ou à direita, não se consegue pôr de acordo em temas tão essenciais como a educação, a justiça e a segurança social, corre o sério risco de hipotecar o futuro.
Uma economia que não encontra a sua vocação estratégica e não sabe usar as suas competências nucleares, jamais será competitiva, vendo-se obrigada a ficar refém de decisões de outros, acumulando perdas e dívidas. Um tecido empresarial que não toma a excelência com padrão, apostando em profissionais qualificados capazes de impulsionar a mudança, perderá o desafio da competitividade.
A par dos grandes reptos, as crises trazem o ventre carregado da esperança de mudança. Com o terreno a ficar preparado, sejamos agora verdadeiramente oportunistas e utilizemos o momento para reformar Portugal: diminua-se o voraz apetite do Estado; foquemo-nos no essencial apostando numa ambição exigente; desenvolvam-se estratégias colectivas que sejam eficientes e globais; amparem-se as empresas com futuro e ajudem-se as outras a sair rapidamente de cena. Na verdade, só precisamos de orientar a nossa enorme energia criativa para os grandes desafios, certos que “o futuro não é previsto, ele é preparado”.
Publicado no jornal "Meia-hora" em 3-Fev-09.
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