terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Ventos de Mudança

Foto: Luís Ferreira
Nem só a tempestade vem com a crise – esse monstro que tomou conta do mainstream. É sabido que os momentos críticos têm, pelo menos, uma virtude: tingem a realidade com cores fortes, fazendo olhar certos detalhes com a atenção devida. A maior parte das crises é, portanto, esclarecedora. E, na sua medida, esta clarificação impele-nos para a acção. De crise financeira a real. Espalhou-se até às entranhas da economia, ameaçando contaminar a sociedade. Falamos de confiança, de segurança, de futuro. Empresas que, de um trimestre para o outro, desaparecem; outras que reduzem fortemente a actividade; outras ainda que ficam suspensas – sem espaço nem tempo – aguardando sinais mais firmes para tomar decisões. Creio que é a própria tempestade a trazer a bonança. Ao demandar novos factores de competitividade - que desenvolvam uma economia baseada no conhecimento e na inovação, mais orientada para os mercados internacionais; que promovam a alteração do perfil de especialização produtiva a par com a renovação e qualificação do modelo empresarial; sem esquecer a melhoria da regulação e funcionamento dos mercados, reduzindo custos de contexto – estes momentos de tensão apelam, mais do que nunca, à mudança, gerando novas oportunidades. Notemos, porém, que o desafio maior reside na base: na transformação para uma atitude mais competitiva, pró-activa e determinada. Exige que exercitemos sistematicamente a criatividade; que apostemos consistentemente na investigação promotora de novas soluções; que levemos ao mercado as invenções capazes de aportar novos padrões. Que inovemos, navegando os ventos de mudança!
Artigo publicado no Jornal "Meia-Hora" em 2-Dez-2008.

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