Era uma vez um País distante, que mais parecia uma vila, pois tão poucos eram.
Era uma terra de pescadores. Uma das poucas actividades que alimentava as bocas esfaimadas das gentes era a pesca pois a terra, essa era para nidificação, para pastoreio ou para servir de mesa para uma linda toalha branca onde só se servia frios.
As gentes dessa terra viviam na costa, soprada por ventos agrestes, onde o clima era ameno e daí viam os pescadores partir para a faina. A neve, essa constante, quando derretia, dava-lhes de beber, pois os mamíferos também bebem.
Porque eram pescadores e destes vinha o sustento das gentes e porque tinham que levar o pescado para terras longínquas para fazerem trocas com outras gentes e obter aquilo que não tinham, foram obrigados a fazer embarcações robustas como aço, grandes como as montanhas e velozes como o vento, para que aguentassem as tormentas do mar que por lá era bravio.
Porém, descobriram que as gentes de terras longínquas, apreciavam um líquido muito viscoso que lhes acendia lamparinas. Em troca desse líquido, as gentes de além-mar, ofereciam-lhes bens valiosos e pediam-lhes pelas alminhas que lhes trouxessem mais para a próxima.
Como a procura do líquido viscoso era muita, tiveram que fazer uma espécie de banheiras, que colocavam no meio do mar e sugavam o dito líquido que acendia lamparinas. Não era coisa fácil, pois ali o mar era bravio. Mas aprender a fazer banheiras sugadoras não haveria de ser muito diferente de fazer os barcos dos pescadores e foram obrigados a aprender como se fazia banheiras sugadoras. E assim aconteceu.
As banheiras sugadoras eram as melhores que se tinham visto e eram seguras pois homens e mulheres trabalhavam arduamente nelas, no mar que por lá era bravio. Assim começaram a levar mais líquido viscoso para paragens longínquas em barcos cada vez mais robustos e seguros.
Como a procura era tanta, tiveram que fazer banheiras ainda mais seguras, maiores e colocadas no mar, que por lá era bravio, mais sombrio e profundo. Então porque o homem nasceu homem e não peixe, foram obrigados a aprender a fazer um barco especial; um barco mergulhador que penetrava nas profundezas do mar e ia onde ninguém conseguia ir para fazer os trabalhos para que as banheiras funcionassem e fossem mais seguras. Tinham que ser seguras, porque eram homens e mulheres que ali trabalhavam e as condições inóspitas assim o exigiam. Para serem seguras, foram obrigados a aprender a fazer embarcações, banheiras sugadoras e barcos mergulhadores, dos melhores que a espécie humana jamais fez.
A procura tornou-se ainda maior, por reinos distintos lhes pediam para trocar as embarcações, banheiras e barcos mergulhadores e o peixe pelo que quisessem.
Também o peixe era muito apreciado e como a procura era imensa mas também a concorrência, cedo aprenderam a criar peixe perto de costa, porque era mais barato, seguro e nasciam mais peixes.
Assim foram estas gentes, pescadores na sua origem, trocar peixe, líquido viscoso para as lamparinas, embarcações, banheiras e barcos mergulhadores, com todos os reinos conhecidos. Mas o mundo que albergava os vários reinos estava a mudar e tomaram conhecimento e consciência de que o mar tinha menos peixe, que o líquido viscoso haveria de acabar um dia, que o mar por ali era bravo e salgado e que corroía e destruía tudo o que tinham feito.
Então resolveram aprender a ciência da alquimia e aplicá-la a proteger as embarcações, as banheiras sugadoras e os barcos mergulhadores. Tornaram-se nos melhores no conhecimento da arte de proteger e vestir o aço. Tornaram-se nos melhores no conhecimento e na arte de dobrar o aço e criaram moinhos de vento para que no futuro estes substituíssem o líquido viscoso que acende as lamparinas. Tudo assim foi porque foram obrigados a adaptarem-se.
Tudo faz sentido, quando as premissas da evolução são baseadas na necessidade. Tudo faz sentido, quanto o continuo do tempo se enlaça com o continuo da aprendizagem e conhecimento. E assim temos um povo de pescadores que continua a ser um povo de pescadores. Um povo de artesãos que construía embarcações e que continua através dos tempos a fazer embarcações. Um povo de comerciantes, que por necessidade e escassez continua a ser de comerciantes e a criar valor a todos os reinos.
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