terça-feira, 28 de outubro de 2008

A inveja dos sinais de abrandamento na economia chinesa

A tendência de desaceleração das exportações chinesas continua. A crescente sofisticação dos produtos exportados pela China tem sido mais evidente, os ganhos de produtividade por via de baixos custos também já tiveram melhores dias, e a apreciação da sua moeda eliminou a vantagem competitiva que a China nos habituou em momentos de crise, onde a dinâmica das exportações apresentava movimentos contra ciclo. O abrandamento económico irá inevitavelmente afectar as exportações chinesas e, por sua vez, afectar o dinamismo que o sector industrial tem apresentado. Apesar deste inevitável cenário, a China deverá crescer em 2009 acima dos 7%. Fantástico !

7 comentários:

Ulf disse...

Aqui tenho que discordar. Não tenho a certeza 100% do que estou a dizer, mas as notícias do abrandamento chinês fazem lembrar a forma como se dão más notícias.

Primeiro diz-se "parece que fulano teve um acidente"; depois "olha ligaram do hospital, mas não se sabe nada"; "parece que houve uma complicação, vamos ver o que dá"; "o paciente está com prognóstico reservado"; e finalmente "lamentamos informar que..."

E na verdade o que tinha acontecido era que o acidentado já tinha falecido quando foi dada a primeira notícia.

A China parece-me esta história. Os indicadores avançados, nomeadamente os preços dos fretes e barcos disponíveis, os encerramentos já confirmados de fábricas e os passos que têm sido dados pelo Banco Central indiciam que a situação é bem pior do que se pensa.

De resto é a notícia que penso faltar descontar nesta crise...

Filipe

Ulf disse...

Aqui vai um report:

Our resources analysts have recently been touring China and have been talking to a wide range of companies, consultants, users etc. They have returned with a very bleak picture of the Chinese economy, even gloomier than the bearish picture being painted at the moment in the market. The picture can be extended to other sectors of the Chinese economy and will have a regional impact, especially on Australia resource companies.

Highlights are:

1. There is a very surprising negative rate of change in the economy being openly vocalised by corporates and other market participants. A significant number of factories are shutting down. These are shutting down due to a collapse in overseas demand as global consumers scale back spending.

2. Trade flow is locking up rapidly - letters of credit and 90-day commercial paper are no longer being accepted or transacted. Companies are resorting to 30 and 60 day paper putting further pressure on working capital. Letters of credit not being honoured beyond 3m will be a key hurdle for foreign traders who have 1-year contracts. Liquidity pressures are being seen in 60-day paper and this is expected to seize up soon.

3. There is a significant collapse in demand with end products not being able to be sold - domestic coastal coal shipments for example have declined by 30% in the past 3 months.

4. All copper smelters are losing money at current prices but demand from power companies remains stable for now. Further closures are expected at zinc smelters, with 85% of smelters thinking prices will continue to fall. A senior advisor to CISA has just said that the steel industry faces a “costs crisis” as material costs exceed falling prices.

5. The property market has significantly slowed, and companies are now pinning hopes on infrastructure projects. Property prices are down at least 20% in the past few weeks, with 30-40% falls in some areas. Demand for cement, aluminuim, copper, zinc, steel, iron ore and coal have already weakened.

6. For some companies, preservation of capital will be key. Our analysts believe that there are significant risks of survival in the commodities sector.
NH:
7. Consensus amongst Chinese corporates is that they are banking on a recovery in 2H09, but in the meantime they expect a significant contraction for the remainder of this year and the first half of next year. The single biggest risk they see is an extended OECD recession post 1H09 and incremental changes to China policies.

There are great hopes being pinned on the Chinese Government to help the economy. Preservation of capital is likely to be crucial over the next
18-24 months - we expect significantly more difficult conditions ahead.

Anónimo disse...

Daquilo que tenho lido e ouvido (inclusive agora o teu útil contributo à discussão), também acho que a China dificilmente evitará um abrandamento, se bem que algumas medidas já em curso pelas autoridades Chinesas, nomeadamente o abandono da política de apreciação da sua moeda, a diminuição do rácio de reservas obrigatórias e das taxas de referência de cedência de créditos, irão protelar o abrandamento de uma forma mais agressiva. Para além disso ainda há alguns expedientes que podem ser usados, como por exemplo a redução de impostos e o aumento da despesa pública. É que a China tem o seu caminho próprio, com um enormíssimo valor em reservas, uma conta corrente excedentária, com pouca ligação aos bancos estrangeiros, e um excedente orçamental que permite aumentar gastos em várias áreas. Acho que enquanto alguns (muitos?) países vão andar “entretidos” a amortecer o seu abrandamento, a China vai abrandar mas não vai entrar em colapso. Mas … também não tenho 100% … :)

Pedro Barbosa disse...

Antes de mais, e obvio que a China tem de sentir algo se o Ocidente tiver uma crise que acabe por afectar o consumo (não faltam crises que pouco afectaram o consumo, recorde-se), que parece ser o caso desta.

O que tb parece certo e que num cenario de crescimentos muito fortes e consistentes, um abrandamento nao significa que o pais nao continue a ter uma economia em rapida expansao.

E a diferença entre velocidade e aceleraçao. Neste caso, julgo que sera sensato estimar que a China tera aceleraçao negativa, continuando em velocidade de crescimento elevada, mas menor.

Anónimo disse...

Por que nao:)

Pedro Sequeira disse...

Há um ano e dois meses atrevi-me a escrever que perspectivava um crescimento da economia Chinesa para esse ano superior a 7%. Cresceu 9%. Em 2009, e passado o pico mais negativo do primeiro trimestre, eis que a China volta a crescer acima dos 9%.
Não sendo um expert em matéria de previsão macro económica, a minha opinião baseou-se num conjunto diverso de informação específica sobre a China, formulado por especialistas, uns mais pessimistas, outros menos.
As opiniões optimistas ficaram mais próximas da realidade.

Ulf disse...

viva
os numeros chineses estao a ser conseguidos através de divida e da formaçao de algumas bolhas; sim, os chineses leram o q todo o mundo estava a ler sobre eles e viram q tinham de colocar mais lenha na economia e por isso acabaram por ter bons resultados em termos de indicadores. ver, a este propósito, este artigo na fortune - o que me preocupa é a sustentabilidade!

http://money.cnn.com/2009/11/10/news/international/china_debt.fortune/index.htm