Nos últimos dias, Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto e candidato à reeleição, afirmou-se contra a cultura de subsídio dependência preconizada e incentivada pelo Governo de José Sócrates. Uns dias antes, também no Porto, teve lugar a apresentação do novo livro de Medina Carreira – porventura, a figura pública mais céptica acerca do destino do nosso país – cuja tese principal se desenrola em redor dos seis milhões de portugueses que recebem ajudas do Estado. Enfim, as críticas estão em crescendo porque cresce também a opinião de que, em muitos casos, a atribuição de subsídios se faz entre aqueles que, simplesmente, não querem trabalhar.
Ora, para se redistribuir riqueza, é necessário que esta exista – como aponta, muito bem, Medina Carreira. Porém, dada a situação do país, que todos os dias se endivida e todos os dias perde competitividade, é crucial que os mecanismos da Segurança Social protejam quem deles realmente precisa, sem cair no erro de criar um sistema que incentive ao ócio. Portugal tem hoje três e meio milhões de reformados e uma estrutura etária que, dia após dia, envelhece progressivamente mais, diminuindo o peso da população activa. Por isso, são aqueles pensionistas que mais devemos atender. Quanto aos demais, aos subsidiados que estão em idade de trabalhar, é crucial que a fiscalização seja leonina, para não cheguemos ao dia em que não exista nada para ninguém. Cuidado: o Estado social não é um buraco sem fundo! Há limites para tudo.
Publicado no jornal "METRO".
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