Há cerca de um ano os bancos centrais de todo o mundo começaram a baixar os juros para mínimos históricos. A medida, tomada para impedir o colapso do sistema financeiro, tem também ajudado os consumidores, empresas e até os governos a enfrentar a conjuntura de crise económica. Mas, até quando?
Em Portugal, a descida da Euribor tem ajudado as famílias com crédito à habitação. O impacto é tal que, mesmo num contexto de crise e desemprego, o rendimento disponível parece estar a aumentar. Não admira. Nos últimos anos, os portugueses endividaram-se para além do recomendável e, por isso, esta "folga" nota-se bem no orçamento familiar.
Mas podem surgir dificuldades a partir de meados de 2010. O BCE começa a demonstrar alguma preocupação com os défices dos governos, a alta das bolsas e a formação de novas "bolhas" especulativas. Ou seja, está alerta quanto aos riscos de inflação no futuro e pronto a agir. Provavelmente o Banco Central Europeu apenas alterará as taxas de referência daqui a um ano, mas as Euribor podem começar a subir mais cedo.
Os portugueses adaptam-se de forma demasiadamente fácil a condições favoráveis, que incorporam como permanentes. Por isso será difícil voltarem a confrontar-se com juros a níveis mais "normais", a 2% ou 3%. Face às taxas actuais, estamos a falar de duplicar ou triplicar os juros. Como a economia, o mercado de trabalho e os salários não deverão estar muito melhor do que agora... há que ter cuidado!
Em Portugal, a descida da Euribor tem ajudado as famílias com crédito à habitação. O impacto é tal que, mesmo num contexto de crise e desemprego, o rendimento disponível parece estar a aumentar. Não admira. Nos últimos anos, os portugueses endividaram-se para além do recomendável e, por isso, esta "folga" nota-se bem no orçamento familiar.
Mas podem surgir dificuldades a partir de meados de 2010. O BCE começa a demonstrar alguma preocupação com os défices dos governos, a alta das bolsas e a formação de novas "bolhas" especulativas. Ou seja, está alerta quanto aos riscos de inflação no futuro e pronto a agir. Provavelmente o Banco Central Europeu apenas alterará as taxas de referência daqui a um ano, mas as Euribor podem começar a subir mais cedo.
Os portugueses adaptam-se de forma demasiadamente fácil a condições favoráveis, que incorporam como permanentes. Por isso será difícil voltarem a confrontar-se com juros a níveis mais "normais", a 2% ou 3%. Face às taxas actuais, estamos a falar de duplicar ou triplicar os juros. Como a economia, o mercado de trabalho e os salários não deverão estar muito melhor do que agora... há que ter cuidado!
Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no jornal Metro em 21 de Setembro de 2009
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