sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Olha quem vende!



A valorização registada pelas acções nos últimos meses está a voltar a atrair os pequenos investidores, agora menos assustados com a possibilidade de um colapso da economia. Mas a subida de mais de 50% dos índices, com muitas acções a duplicar de cotação, e a vaga de novos vendedores que está a chegar aos mercados, devem servir de aviso.
 
Nas bolsas encontram-se a oferta e procura de acções. A maior parte da atenção dirige-se às empresas que já estão cotadas, mas talvez não fosse errado estar atento às que entram pela primeira vez no mercado e o que isso pode significar. É verdade que na bolsa portuguesa ainda não recomeçaram as operações de abertura de capital, mas o mesmo não se verifica internacionalmente, nomeadamente nos Estados Unidos.
 
Quem coloca as empresas no mercado são os proprietários iniciais. Trata-se da venda de parte do seu património. Há algumas vantagens para uma empresa em estar cotada em bolsa, nomeadamente ter mais visibilidade, tornar o valor mais transparente e ter acesso a financiamento. Mas só vende quem acha que o preço é atractivo e está a fazer um bom negócio. Ainda estaremos no início deste processo de abertura de capital por parte das empresas, mas não deixa de ser o primeiro sinal de alerta aos investidores, o que se acentuará quando surgirem as operações de fusões e aquisições. 
 
Há quem seja mais optimista e considere que algo se terá aprendido com a crise financeira. Mas, como já se tem escrito, "Wall Street será sempre Wall Street" e não há que estranhar os novos exageros que o futuro continuará a trazer.


Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no jornal Metro em 16 de Outubro de 2009



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