Com o “stand by” do aeroporto e alta velocidade discute-se a pertinência de um observatório para as obras públicas.
Não poderia concordar mais com a iniciativa embora duvide um pouco do seu principal desafio – a contenção das derrapagens orçamentais.
Desta forma não se combate a causa conduzindo a um maior enfoque nas consequências.
Os orçamentos derrapam porque os projectos são desadequados ou mal executados, porque a Entidade Executante não tem capacidade para executar bem e no prazo, ou porque a fiscalização não controla devidamente as acções de quem constrói.
A aposta em construção de qualidade e com orçamento controlado não é impossível.
Os Donos de Obra são o princípio de tudo e o principal segredo reside numa mudança da sua abordagem perante o investimento que efectuam.
Tem-se assistido a um crescente desinvestimento em quadros técnicos experientes e capazes. Subcontrata-se a Fiscalização quase só para tratar da parte administrativa, resolvendo-se as grandes questões directamente com o Empreiteiro e no rigor da agenda política.
É um ciclo vicioso, as empresas que se dedicam à fiscalização ou ao projecto, na pressão da sobrevivência apostam cada vez mais e só, em recém universitários sem o devido apoio de técnicos mais experientes.
Não é possível compreender que quem lança milhões de euros em obras por ano, não enquadre um conjunto de técnicos ou empresas que directamente possam ser os agentes fiscalizadores.
Tem que ser sentido na pele, tem que doer um pouco mais…para que a discussão se centre na necessidade e viabilidade dos projectos e não na sua concretização.
Publicado no MeiaHora em 07-07-2009
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