terça-feira, 14 de julho de 2009

A Gestão do Risco



Segundo o Financial Times e a Greenwich Associates, as empresas estão a prestar mais atenção aos riscos que correm nos mercados de matérias-primas. Num contexto de crise, com lucros em baixa e com o acentuar da volatilidade nos preços das commodities, o assunto parece merecer a devida atenção.

Estima-se que, em 2008, 55% das empresas na Europa, Ásia e América do Norte efectuaram operações de cobertura de risco de variação de preço, face a 45% em 2007. Mais relevante do que os números parece ser a alteração no processo de tomada de decisão. Cada vez mais empresas levam as decisões de cobertura até ao nível hierárquico mais alto, um sinal claro da importância deste assunto. Segundo a Greenwich, 96% das empresas afirma que as estratégias de gestão de risco são da responsabilidade da administração, tendo muitas delas criado um cargo específico.

Até há poucos anos as empresas optavam por uma gestão passiva deste tipo de riscos. Ou seja, as flutuações cambiais, de taxas de juro ou de preço das commodities eram encaradas como um factor exógeno sobre o qual nada poderia ser feito. Posteriormente as empresas foram experimentando algumas formas de cobertura, frequentemente de forma desajustada e com maus resultados. Os instrumentos e estratégias escolhidas, quase sempre por pressão dos bancos, revelaram-se piores do que não fazer nada.

Felizmente as empresas parecem estar a chegar a um processo de maior maturidade, desenvolvendo competências internas e recorrendo ao outsourcing especializado. Daqui resulta um maior controlo efectivo da empresa, não fosse a Gestão do Risco um dos pilares do (bom) Governo das Sociedades.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no jornal Meia Hora de 14 de Julho de 2009


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