segunda-feira, 6 de julho de 2009

Incumprimento

Na passada sexta-feira, a edição do jornal “Público” noticiou, na sua secção de Economia, que a “SLN Valor falha acerto de contas com clientes que adquiriram títulos no BPN”. De acordo com a notícia, confirmada posteriormente por outros órgãos de comunicação social, trata-se do reembolso – quer dizer, da ausência de reembolso – de uma emissão de papel comercial da SLN Valor, até aqui a accionista maioritária do BPN, avaliada em 50 milhões de euros vencida a 19 de Junho deste ano. E, de acordo com a mesma fonte, em Agosto vence outra emissão, também da SLN Valor, avaliada em 100 milhões de euros – a qual, provavelmente, terá desfecho semelhante. O recurso à emissão de papel comercial é uma alternativa ao financiamento bancário. É uma forma de as empresas – financeiras ou não financeiras, cotadas ou não cotadas – se financiarem no curto prazo. Trata-se de uma prática corrente em qualquer país desenvolvido, mas que em Portugal não é particularmente comum. Ou seja, não é nenhum esquema. Contudo, no nosso país, a distribuição e comercialização destas emissões nem sempre obedece às melhores práticas e de acordo com aquela edição do “Público”, alguns clientes do BPN, a quem foram distribuídas parcelas significativas desta emissão específica, alegam que a “aplicação lhes foi vendida pelos funcionários do banco como um produto de capital e juros garantidos (…) e que em muitos casos a autorização foi dada oralmente”. Os mesmos funcionários que agora escreveram ao Presidente da República, temendo pela sua integridade física. Tivessem-se lembrado disso antes.
(*) Publicado no jornal "Meia Hora" a 7/06/2009.

Sem comentários: