Na bolsa, a longevidade e o sucesso dos investidores não depende necessariamente do número de vezes em que se acerta. Mais importante do que a taxa de acerto é a diferença entre aquilo que se ganha quando se acerta e aquilo que se perde quando se falha. Ou seja, o valor esperado da estratégia de transacção. Ao mesmo tempo, a evidência mostra que, na bolsa, uma taxa de acerto igual ou superior a 60% é considerada muito boa, resultando daqui que, em média, qualquer investidor acertará e falhará um número aproximadamente igual de vezes. Portanto, para que o valor esperado seja positivo, a perda média não deverá ser superior ao ganho médio.
Infelizmente, a natureza humana equipou-nos muito mal neste domínio! Por um lado, a maioria das pessoas não está disposta a admitir que, em média, acerta e falha de forma quase indiferenciada. Por outro lado, em geral, a natureza humana revela-se muito intolerante com os ganhos, tomando mais valias de forma relativamente prematura, e muitíssimo tolerante com as perdas, permitindo a acumulação de menos valias. Isto não acontece apenas na bolsa; também acontece nas empresas. Nas boas – distribuindo recompensas demasiado generosas em épocas de vacas gordas. E nas más – adiando, em tempo útil, a inadiável liquidação dessas mesmas sociedades. O caso que afecta o BPN é um claro exemplo deste tipo de conduta. Desde a sua nacionalização, o Estado português já lá meteu quase 2,5 mil milhões de euros que, provavelmente, nunca mais recuperará. E, desgraçadamente, não há fim à vista. Não há “stop loss”.
(*) Artigo publicado no jornal “Meia Hora” a 3 de Junho de 2009.
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