A última década e meia foi fértil em novos formatos de comércio integrado. Centros comerciais, retail parks e outlet centers foram nascendo pelo país, em particular nas zonas suburbanas que circundam as duas maiores metrópoles. Esse movimento está na fase de maturação, com os próximos anos a trazerem pouco mais do que novas unidades de pequena e média dimensão em cidades que são precisamente de pequena e média dimensão. Esta é, desde logo, uma incontornável mas quase invisível vantagem que resulta da actual crise: aumento de sustentabilidade da oferta existente no médio prazo.
Incontornável é também que os portugueses, como quase todos os povos civilizados, não gostam de centros comerciais. Não gostam, mas compram. Desprezam, mas usam. O curioso é que muitos deles começaram por dizer que não gostavam “de ir ao centro comercial” por pressão social dos seus círculos, mas acabaram por verdadeiramente não gostar da experiência de comprar nesses espaços, e muito menos elegê-lo como destino de lazer.
No extremo oposto, a baixa do Porto está ao rubro, com noites loucas de milhares de pessoas na rua, parques de estacionamento que transbordam, bares a abrir a cada semana, restaurantes a multiplicarem-se, festas a sucederem-se. A baixa está trendy. Está sexy.
Os centros comerciais não são sexy, mas são outra coisa que hoje ainda vale mais : são convenientes. Boa oferta, estacionamento, segurança, limpeza, ou seja uma proposta que racionalmente aumenta o risco de satisfação, embora também de previsibilidade.
A questão que sobra é: Até quando o conveniente convém mais do que o sexy?
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