quinta-feira, 25 de junho de 2009

O respeito enquanto marketing

Os entendidos das ciências humanas dirão que o respeito é uma das bases para qualquer relacionamento bem sucedido. Podemos comprovar-lo a ao observar dois dos ícones do rock alternativo dos anos 90, Trent Reznor (Nine Inch Nails) e Billy Corgan (Smashing Pumpkins).

Reznor é visto como uma das faces do futuro da indústria. Para ele os fãs são e serão uma peça "chave". Lançou um site onde os seus seguidores podem fazer as suas próprias remisturas, ofereceu um álbum completo, bem como centenas de gravações para que os fãs possam construir o seu próprio DVD ao vivo. O resultado é que apesar de estar já longe da popularidade que o fez um dos "homens do ano" para a Time em 1997, um dos seus últimos lançamentos (um álbum instrumental de 4 CDs, o primeiro dos quais disponibilizado livremente) esgotou a edição limitada de 300 Dólares em poucas horas. Numa semana já tinha vendido perto dos 1.6 milhões de Dólares.

Corgan perdeu o respeito dos fãs. Depois de várias alterações nos membros da banda e outras polémicas, o último álbum foi um fracasso comercial. Corgan, agora o único membro original dos Smashing Pumpkins para desagrado de muitos fãs, já anunciou a sua intenção de se dedicar apenas a singles, não sem antes afundar o resto da sua credibilidade ao apoiar à fusão Ticketmaster/LiveNation e ao anunciar um serviço pago com material que a maior parte dos músicos disponibiliza livremente.

Embora não seja tão fundamental como a qualidade do trabalho, estender a mão aos fãs um músico pode conseguir o seu respeito e assim fazê-los pensar que talvez mereça uma compra.


Luís Silva
Crítico musical

Publicado no Jornal Meia Hora de 25 de Junho de 2009

Sem comentários: