terça-feira, 14 de abril de 2009

Projecções do Banco de Portugal para 2009

A revisão da projecção de contracção do produto para 2009 acaba por ser uma reacção aos novos dados recolhidos e é um valor mais alinhado com os dos principais parceiros europeus. Não poderia ser de outra forma, dado o carácter aberto da economia portuguesa, o sentimento dos agentes económicos e as dificuldades de financiamento. Note-se que os agentes económicos estão agora acostumados a encarar as projecções mais recentes do Banco de Portugal como sendo mais adaptativas do que prospectivas, pelo que esta forte revisão em baixa em nada os surpreende, apenas peca por tardia. Desagregando a projecção, verifica-se que os recuos no investimento e no consumo privado são os principais responsáveis pela contracção prevista em 2009, o que denota bem o pessimismo e falta de capacidade financeira dos agentes económicos. Em termos de comércio externo existirá uma quebra substancial, tanto nas exportações como nas importações. Portugal terá dificuldades em inverter o ciclo económico actuando por si só. Ou seja, da mesma forma que foi “arrastado” para a situação actual pelos desenvolvimentos da economia mundial, também estará dependente de uma melhoria na envolvente económica externa para inverter o ciclo económico. Sem prejuízo de reestruturações internas que o país poderá efectuar e de políticas que mitiguem o impacto social da crise e que não devem deixar de ser seguidas, é muito discutível que políticas orçamentais ainda mais expansionistas possam produzir efeitos virtuosos e duradouros na economia portuguesa. Tal poderia provocar um ainda maior desequilíbrio nas contas externas e agravar a tendência de crescimento da dívida pública em que o país se encontra, sem que os benefícios sejam particularmente relevantes. Notamos [no momento em que escrevemos este texto] que não se avançou com uma nova projecção para o défice do sector público para 2009, embora não saibamos se o BdP tem dados disponíveis para o fazer com algum rigor. A projecção actual do PEC, de 3.9% é optimista face aos 4.6% avançados pela Comissão Europeia e não está alinhada com a dos parceiros europeus. Seria importante actualizar este número. Do lado da receita a desaceleração do produto estará a dificultar a recolha de todo o tipo de impostos (IRS, IRS, IVA, Combustíveis, Habitação, etc.). Simultaneamente as obrigações do estado parecem estar a aumentar, dados os programas de incentivo à economia e de apoio social que têm sido anunciados. Filipe Garcia Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros

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