terça-feira, 14 de abril de 2009

Crédito mais caro

O custo de financiamento no mercado por parte da Banca em geral não tem actualmente como referência a Euribor, mas sim taxas de mercado em contratos de financiamento que têm implícitos spreads superiores a 2% sobre a Euribor. Isto significa que o clima de incerteza que se vive nos mercados financeiros continua, afectando a circulação de liquidez e a capacidade de obtenção de fundos nos mercados financeiros internacionais. Houve assim um incremento significativo dos prémios de risco praticados no mercado, com impacto nas respectivas emissões de dívida das Instituições Financeiras.
Pode-se assim dizer que as diversas medidas de política económica tomadas, nomeadamente a conjugação de taxas de juro oficiais muito baixas, medidas de estabilização e recapitalização do sector financeiro e prestação de garantias aos bancos, não estão a ser suficientes para garantir o normal funcionamento dos mercados e a fluidez necessária ao acesso de fundos. Ora é precisamente esta situação que leva a Banca a reflectir nos seus preços o custo dos recursos dos clientes, o risco de crédito, o custo dos seus financiamentos e investimentos, bem como a margem de remuneração aos seus diversos accionistas.
Dito isto, e se já se dizia que a Banca têm vindo a subir os spreads cobrados aos seus clientes, a verdade é que a subida vai continuar e de forma implacável, pois não vai ser possível à Banca continuar a manter preços inferiores ao custo do funding.

2 comentários:

Vitor Silva disse...

queria só sugerir este link para um grafico com a comparação euribor vs indicador do ine de taxa de juros nos contrato à habitação

publicado em
http://blog.osmeusapontamentos.com/?p=1354

Pedro Sequeira disse...

Boa tarde Vitor ! Antes de mais muito obrigado pelo comentário, uma vez que o gráfico enviado só ajudar a corroborar o que eu referi. Pela análise do gráfico, o diferencial entre a euribor a 6 meses e a taxa implícita em 13-01-2009 ronda os 3,5%, o que bate certo, ou seja, descontando os tais 2%, fica 1,5% para a margem (bruta) do banco. Depois em função da tipologia de cada contrato de crédito, pode-se abdicar de uma maior ou menor margem. No caso concreto do crédito habitação, conforme é referido no teu blog e que visitei, os bancos podem fazer spreads abaixo de 1%, uma vez que há alguns aspectos específicos, tais como a mitigação do risco pela garantia real que o imóvel oferece ao banco, o factor “âncora” que o produto induz na fidelização do cliente, e ainda porque habitualmente obriga à subscrição de alguns produtos, como p.ex. seguros, domiciliação de vencimento, etc, que permitem aumentar a margem da operação. Mas em crédito revolving, actualmente é impossível praticar spreads desses.