O guião educacional que tem regido as últimas gerações assenta em conhecimento e minimização de erros. De tão evidente, acabou por se tornar axiomático que evitar erros é objectivo prioritário para indivíduos e empresas. Com frequência estes axiomas lógicos encerram em si conclusões questionáveis. Na esmagadora maioria das empresas, a estrutura organizacional e os sistemas de incentivos conduzem os colaboradores a não arriscarem. São os próprios gestores seniores que, não raramente, classificam demasiado depressa uma ideia como improvável, impossível, ou mesmo disparatada, induzindo a uma condição medo de falar-medo de ouvir.
A gestão contemporânea deve compreender que, pior do que errar é não tentar. Num ambiente de permanente mudança, quem não arrisca não evolui e rapidamente desaparece. Recorde-se os ensinamentos darwinianos : a característica mais importante para a evolução é a adaptabilidade.
Não é possível uma empresa perseguir a minimização de erros e em simultâneo estar vocacionada para a mudança, resultando óbvio que perfeição não se compatibiliza com progresso. É neste contexto que importa refundar os princípios educacionais, tanto no ensino básico como no avançado, destacando a importância de arriscar e procurar intensamente a evolução pela inovação. Os erros são danos colaterais, que devem ser brindados e estudadas em vez de punidos. Evidentemente, é vital ter consciência do risco e escolher ideias estupidamente inteligentes, em vez de estupidamente estúpidas.
As empresas podem errar grande parte do tempo desde que acertem com precisão e eficácia algumas outras e se abstenham do pior erro: evitar errar.
Publicado no Meia Hora dia 20/4/2009
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