Tendo por pano de fundo a teoria de Adam Smith, as farmácias, bem como os restantes agentes económicos, motivados unicamente pelo seu interesse pessoal, deveriam actuar em prol do bem-estar da sociedade, através de uma “mão invisível”.
Devido à dimensão do próprio sector e pelo impacto, directo e indirecto, que o mesmo tem na sociedade, a regulamentação e o controlo são relativamente significativos, mas não evita que existam situações pouco compreensíveis. Veja-se o exemplo dos valores solicitados pela venda de uma farmácia.
Esta situação ocorre devido a três pequenos lapsos de Adam Smith na sua teoria: a “mão invisível”, a intervenção governamental e o bem-estar da sociedade. Na realidade, serão muitas, e não uma, as mãos invisíveis que actuam no mercado, que até “solicitam” a intervenção governamental, ao arrepio de Smith, mas com o objectivo de promover, de forma directa e célere, o seu próprio bem-estar. Entenda-se que não me refiro a falhas de mercado, tal como concorrência imperfeita.
A venda de genéricos que demorou anos para legislar e permitir que contribuintes (nós!) e estado (nós, novamente) pudessem gastar menos; as unidoses que serão vendidas aos meus netos; os direitos feudais relativamente à propriedade são exemplos de uma economia… “particular”.
Actualmente, temos uma novidade: os genéricos comercializados pela Associação Nacional de Farmácias. Uma pergunta: não existe um claro conflito de interesses?
Um dia saberemos o preço a pagar. Só espero que, tal como o que aconteceu no sector financeiro, o preço venha em euros e não em dias de vida!
Publicado no Jornal Meia Hora dia 17/04/2009.
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