quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O Euro não está morto!




Nas últimas semanas os adversários da moeda única têm voltado a mostrar-se.

Exageradamente? Talvez. Oportunisticamente? Com certeza!

O acentuar das diferenças do risco de crédito entre países e os previsíveis incumprimentos do Pacto de Estabilidade levaram a que se falasse no fim da União Económica e Monetária. Para os eurocépticos se um dos países entrar em insolvência, o fim do euro será inevitável.

Claro que a adopção de uma moeda única trouxe rigidez à economia já que se perderam graus de liberdade. Um país com moeda própria define as suas taxas de juro, pode emitir moeda para pagar dívida e desvalorizar para induzir competitividade. No caso de Portugal até é discutível que sejam vantagens evidentes... Aliás esta crise tem demonstrado que é do interesse dos países "euro" manter a coesão e que estão mais bem defendidos juntos do que se estivessem separados. Até do ciclo económico.

Como a UBS destacou num comentário recente, os custos de sair do euro são proibitivos. Um país que abandonasse o euro teria que enfrentar taxas de juro muito elevadas, tornando provável a insolvência de particulares e empresas. O sector financeiro doméstico colapsaria com saídas de capital ou, se isso fosse impedido, sem as entradas de novos fundos.

Note-se que o Tratado de Maastricht não prevê que um país possa ser "expulso" do euro. Trata-se de uma decisão interna, mas que implicaria isolar-se do projecto europeu e não só do euro. E isso
seguramente não seria um bom sinal para os europeus...

Um cenário de pânico, crise, proteccionismo, nacionalismo e isolamento.
Sair do euro não é uma opção para ninguém!



Filipe Garcia

Economista da IMF

Artigo publicado no jornal Meia Hora em 5 de Fevereiro de 2009 (pág. 8)
 

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