terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Grande Depressão 2.0?

Irving Fisher, um reputado economista Americano (1867-1947) da linha de pensamento neoclássico, apontava um conjunto de factores determinantes para desencadear uma Grande Depressão: o excesso de dívida cujo crédito não tenha suporte em activos seguros e a deflação. Estes determinantes conjugados com o desenvolvimento de bolhas especulativas sobre activos criam um potencial cenário devastador nos mercados. Na sequência das suas reflexões, de forma a sistematizar os factores relevantes que podem conduzir a uma Grande Depressão, Irving Fisher identificou:
  • Pressão para liquidação da dívida e venda motivada por pânico;
  • Contracção na liquidez e quebra no acesso ao crédito bancário; Quebra do valor dos activos;
  • Quebra na actividade económica e a precipitação de insolvências; Quebra generalizada dos lucros estendida a vários sectores;
  • Redução da actividade comercial e no mercado de trabalho; Pessimismo e perda de confiança dos agentes;
  • Levantamento massivo de depósitos;
  • Quebra da taxa de juro directora em termos nominais conjugado com o aumento da deflação.

Irving Fisher estruturou o seu pensamento na experiência vivida na Grande Depressão 1.0 e porque nos dias que correm a maioria dos factores enumerados por Fisher se verificam na actual crise, será de pensar que o futuro próximo não augura nada de bom.

Contudo as circunstâncias e o momento não são os mesmos, porque o mundo mudou de então para cá e a capacidade de concertar medidas é superior. Como é habitual dizer-se: “à primeira toda a gente se engana, à segunda só quem quer”.

Artigo publicado no Jornal Meia Hora em 9 de Fevereiro de 2009

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom. Bem visto. Oxalá que não nos estejamos a enganar a nós próprios. É esse o meu medo.
TRADER

Anónimo disse...

"o excesso de dívida cujo crédito não tenha suporte em activos seguros"

Voilá!

ra