Entre a população portuguesa, existe a ideia generalizada de que a introdução do euro agravou o nosso custo de vida. Sendo certo que alguma evidência empírica assim o confirma, a verdade é que as estatísticas oficiais referentes à evolução da inflação desde então não o demonstram de todo. Aquilo que os números demonstram, de forma inequívoca, é que a moeda única agravou a nossa falta de competitividade face ao estrangeiro. Em Portugal, os custos unitários de trabalho são hoje cerca de 20% superiores aos que eram em 2000. Pelo contrário, na Alemanha, o grande bastião da zona euro, os custos unitários de trabalho permaneceram inalterados de então para cá. Ou seja, tudo o resto igual, Portugal é hoje 20% menos competitivo face à Alemanha do que era há oito anos.
Em geral, estas discrepâncias são resolvidas através de desvalorizações cambiais, daí que alguns economistas defendam que Portugal teria vantagem em abandonar o euro e adoptar outra moeda mais consentânea com a produtividade do país. Essa medida permitiria estimular as nossas exportações, onerar as importações e contribuir para a redução do problema central da economia portuguesa: o défice das transacções correntes, que excede já os 10% do PIB. Infelizmente, essa táctica não deverá resultar num mundo global como o actual. O exemplo maior é a China, cujas exportações baixaram 18% em Janeiro. Assim, mantendo o euro que, apesar de tudo, tem mais vantagens que inconvenientes, a única forma de repor a nossa competitividade é através da redução drástica dos impostos. Ou então, aceitar uma redução generalizada dos salários em 20%.
(*) Artigo publicado no jornal “Meia Hora” a 13 de Fevereiro de 2009.
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