As recentes intervenções estatais na economia encobrem sinais preocupantes e perigosos.
Preocupantes, sobretudo, pelo exemplo. Com a substituição da mão invisível pelo pai protector, reina uma ideia de facilidade na abordagem aos sérios apertos que enfrentamos. Há um banco que se afunda? Nacionaliza-se diluindo as perdas. Um sector em crise? Alargam-se os milhões de apoio. Empresas pouco competitivas? Facilita-se o crédito. Ainda que algumas destas medidas sejam imperativas, impõe-se acompanhamento por outra visão – aquela de fundo, estrutural, dirigida ao âmago do problema e não aos seus sintomas.
Perigosas, na medida em que as opções tomadas, salvo raras excepções, escolhendo caminhos frágeis e de prazo curto, não resolvem “a equação”. Os nossos grandes constrangimentos – sendo que o aumento da competitividade do tecido económico constitui a questão de longo prazo mais fundamental e mais urgente a que Portugal deve responder – estão, uma vez mais, adiados. E assim o futuro hipotecado, num momento oportuno para apostar no essencial. Mas “o essencial é invisível aos olhos”...
Perplexo, vejo a resignação da maioria das empresas: pacificamente aceitam a expansão do Estado; indiferentes absorvem a dependência dos (parcos) apoios que lhes são concedidos. Exige-se mais determinação; ambição maior, prenha de visão estratégica que esclareça o rumo, impondo outras respostas – muito para além do betão público. Estaremos a ficar embriagados pelo crédito barato, pelas soluções imediatas, enfim, pela cosmética?
Como vamos pagar este manjar de facilidades?
1 comentário:
Luis,
Julgo que o principal problema tem outra dimensão: as pessos nao se dão conta que o Estado são elas, que o dinheiro é seu, e que a sua aplicação não é uma prenda de alguém a outrem.
Trata-se de cidadania pura e dura e é um problema que atravessa toda a sociedade e a falta de espirito critico a questões essenciais da nossa sociedade, sobretudo as que são de cariz estratégico, como é o caso.
Está se a marcar uma tendência perigosa.
Pedro Barbosa
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