segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Modelos da Suécia



Goste-se ou não a nacionalização de grande parte do sistema bancário ocidental é muito provável.
 
Boa parte dos grandes bancos nos Estados Unidos e Inglaterra (e Irlanda) já se transformaram em instituições híbridas de capital privado e público. Aos poucos as participações do Estado vão aumentando, no que o Financial Times considera serem “nacionalizações camufladas”. Esta situação traduz-se num conflito de interesses - o contribuinte tem objectivos diferentes dos accionistas privados. Há um enquadramento histórico que define o que fazer quando os bancos estão em crise e os governos estão determinados em não os deixar cair.

É o chamado “Modelo Sueco”, utilizado no início da década de 90.

De acordo com o modelo os bancos são totalmente nacionalizados e os depósitos são salvaguardados. Os accionistas perdem tudo e a gestão dos bancos é substituída - como tem que ser. Os bancos são forçados a reconhecer todas as perdas e posteriormente são recapitalizados pelo Estado. No caso que ocorreu na Suécia isso resultou na separação dos “maus activos” e a sua colocação num único banco, denominado de “bad bank”. Isso permitiu concentrar as actividades de banca tradicional, rentáveis, em instituições viáveis e que passaram mais rapidamente para o sector privado.

Até agora os governos preferiram intervir caso a caso, mas é possível que sintam a necessidade de um movimento de nacionalizações mais amplo. Não é uma solução sem custos. Mas é uma saída que está a ser equacionada para conseguir a estabilização do sector financeiro, sem a qual não será possível uma recuperação económica sustentável.

Filipe Garcia
Economista da IMF
Artigo publicado no jornal Meia Hora de 26 de Janeiro de 2009

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